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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Novas invasões almóadas

  • Maio-Primeira Invasão almóada mal sucedida
Naturalmente que a perda de Silves nos ano anterior, constituiu um duro golpe para os almóadas, não só pelo abalo no prestígio dos seus chefes, mas também pela importância estratégica de Silves no tráfego no estreito de Gibraltar.

Tendo desembarcado em Tarifa em 23 de Abril desse ano, o califa depois de assegurar da lealdade dos seus vassalos, procura reunir as condições necessárias, para desencadear um ataque formal à praça de Silves que havia sido perdida.

A estratégia passava também pelo estabelecimento de tréguas com os outros reinos cristão peninsulares, por forma a poder centrar toda a sua atenção e disponibilidade de forças nos seu objectivo principal.


Assim foram estabelecidas tréguas com Afonso VIII de Castela e com o reino de Leão, com quem foram estabelecidas pelo menos por dois anos.

Naturalmente que a facilidade com que Al-Mansur consegue este seu intento é demonstrativo da força dos seus exércitos, mas também e mais uma vez a fragilidade do conflito religioso, pelo menos no que às convicções bélicas dizia respeito.


A D.Sancho contudo não restavam alternativas, tinha de o defrontar.


Em Maio é desencadeado um ataque em três frentes,

uma força atacava Silves directamente, apoiado pela frota almóada.


A força comandada pelo próprio califa, acampa nas margens do Tejo, algures entre Santarém e Torres Novas, numa estratégia clara de impedir apoio a Silves vindo do norte.

Um terceiro exército entra pelo Alentejo, atacando violentamente os campos em torno de Évora. Finda essa tarefa juntar-se-ia ao exércitos do califa e junto atacariam Torres Novas.

O ataque a Torres Novas foi conseguido mas muito embora tenham poupado a vida às populações estas foram completamente saqueadas.

Conforme o planeamento inicial seguiram então os dois exército ao ataque à praça de Tomar.


Como era hábito na Península Ibérica, os primeiros ataques, são aos arredores devastando e pilhando tudo, para espalhar o desânimo e cortar toda a possibilidade de reabastecimento da praça sitiada.

A realidade é que o intento da conquista não foi obtido, por um lado a inexpugnabilidade das muralhas de Tomar, recentemente edificadas, a resposta dos cavaleiros de Gualdim Pais, que defendiam o seu castelo, a escassez de alimentos e um providencial ataque de desinteria nas forças muçulmanas, acabou por decidir a sorte desta primeira campanha a favor dos portugueses.


Al-Mansur também atacado pela epidemia, manda levantar o cerco ao mesmo tempo que ordena que se faça o mesmo no cerco montado em Silves.


Yacub al-Mansur regressa a Sevilha, sem nenhum dos objectivo do ataque conseguidos, segundo as fontes árabes, não tão doente como poderia supor-se.

Embora derrotado, foi montado um grande cenário para a sua chegada, muito pouco para o balanço da conquista de Torres Novas que era apenas um pequeno passo para o grande objectivo, da tomada de Silves e de Tomar.


Gualdim Pais os seus Templários e a providencial desinteria terão repetido o que já em 1184 havia derrotado pai de Yacub ás portas de Santarém, que no rescaldo viria a morrer.


Outros acontecimentos em Portugal
  • Nascimento de D. Mafalda, 9º filho de D.Sancho I( por volta de 1190).Foi rainha de Castela em 1214, sem consumar o matrimónio com D. Henrique, filho do rei D. Afonso VIII, que faleceu de acidente em 1217. Freira em Arouca, morreu em Rio Tinto (Amarante) a 1 de Maio de 1256; beatificada por breve papal de 27 de Junho de 1793.
Relembrando que a bula Manifestis probatum est significou o reconhecimento pelo papa Alexandre III dando a D.Afonso Henriques o título de rei, declarando que o tomava a ele e aos seus herdeiros sob a protecção da Santa Sé, considerando Portugal como um reino pertencente a São Pedro e prometendo-lhe auxílio papal.

Reafirmando agora a seu filho, de novo, os privilégios concedidos em 1179.

Pouco depois da conquista de Silves, equivalia a reconfirmá-lo no trono, reconhecendo a sua valia como Rei.


Clemente III, reforçou assim a autoridade de D.Sancho juntos dos seus súbditos e o seu prestígio entre os seus pares.



domingo, 9 de dezembro de 2007

A conquista de Silves

  • Maio-Chega a Lisboa uma armada de cruzados da Dinamarca e Frísia que conquistam depois Alvor e Silves.
A caminho da Palestina, os cruzados da Escandinávia que chegaram a Lisboa, foram desafiados a participar, nesta "guerra santa" Peninsular ,a conquista das praças fortes do sul. Alvor parecia ser um alvo de fácil saque, satisfazendo os desejos de pilhagem, sem excessivo desgaste.

Após a conquista de Alvor e de terem chacinado toda a população, que segundo fontes da época, foi duma violência bárbara pouco consentânea com a natureza "cristã" desses cruzados.

Uma nova armada de cruzados chegada a Lisboa, foi igualmente aliciada a tomar parte da segunda iniciativa, desta feita mais difícil, a tomada de Silves.

Silves era uma praça muito importante, forte entreposto comercial e uma das mais conceituadas cidades almoádas, a capital da região oeste do Al-Andalus, conquista-la era abrir portas para a posse do Algarve.

Acertada a negociação da expedição com os cruzados, D.Sancho I, envia de imediato um exército destinado a uma primeira aproximação a Silves, para estudar as características da muralha e estabelecer a melhor estratégia de ataque.

Só os navios da esquadra dos cruzados alemães e flamengos eram 37, sendo os portugueses em numero indeterminado. Largaram de Lisboa a 16 de Julho e aportaram em frente a Portimão, 4 dias depois.

O cerco haveria de se prolongar e quando o rei D.Sancho chegou com grosso do seu exército, já havia sido repelido algumas tentativas de assalto ao castelo.

Reforçadas com a chegada de mais 40 navios portugueses que transportam máquinas de guerra, trouxeram um novo alento aos sitiantes.

Decisivo foi o ataque à couraça, que era a estrutura que protegia o depósito de água, que aconteceu em Agosto, cerca de dois meses depois da chegada a Portimão.

Uma vez conquistado o depósito da água que abastecia a cidade a sorte da conquista ficou definida.

Finalmente a 3 de Setembro o governador de Silves abandona a cidade, seguindo dum cortejo de habitantes debilitados, que deixavam na cidade todos os bens a haveres.

Foi assim que havia sido negociada a rendição e o saque, como era costume na época e que também tal como em Lisboa com seu pai, traria a Sancho alguma dificuldade em conciliar os interesse dos nobres portugueses com o dos cruzados.

Segundo os relatos dos cronistas do tempo, foi grande a confusão, entre a ganância dos cruzados "cristãos", que se apossaram de tudo, não querendo inclusivamente ceder a parte que aos portugueses dizia respeito, nem sequer respeitar a vida dos muçulmanos, em oposição à vontade de D.Sancho I, que ao contrário a pretendia manter, na tradição aliás dos reis peninsulares.

Naturalmente que para além do humanismo, que esta atitude poderia induzir também havia interesse em manter as vidas humanas, porque ao contrário dos cruzados que partiriam para outras terras no dia seguinte, para os que ficavam a vida continuava, tornando-se necessário que as pessoas continuassem.

D.Sancho ter-se-á enfurecido e expulsou os cruzados da cidade, obrigando-os a voltarem para os seus navios, de onde tinham partido, mas que só viriam a abandonar Silves no dia 20 de Setembro.

Enquanto isso, também Sancho, reorganiza a cidade, deixando-a nas mãos das ordens militares, consagrando a mesquita,´ como igreja no dia da Natividade de Santa Maria no dia 8 de Setembro.

Após esta conquista ficavam também sob o domínio português o conjunto de fortalezas subsidiárias de Silves e constituíam a sua linha defensiva : Sagres, Albufeira, Lagos, Alvor, Portimão, Monchique, Alferce, Carvoeiro, São Bartolomeu de Messines e Paderne.

  • Nascimento de D.Henrique 7 º filho de D.Sancho I, e morreu a 8 de Dezembro de ano incerto, ainda jovem.
  • O ataque leonês a Celorico da Beira, comprova que a área da encosta noroeste da Serra da Estrela era ainda no fim do século XII uma área instável do ponto de vista militar.

sábado, 24 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1188


  • Março-Primeiro testamento de D.Sancho I
A elaboração do primeiro testamento reflecte, para além da precariedade óbvia da vida naquele tempo, a sua predisposição para encetar de novo a guerra, não só contra os almóadas, mas também contra alguns dos outros reinos cristãos com quem se mantém contenciosos fronteiriços.

O reino que D.Sancho I lega ao seu sucessor, rege-se pelos mesmo princípios com que o recebeu, conforme aos princípios emanados da bula Manifestis probatum est. A concepção do Reino é o de uma entidade una e superior, que deve ser preservado ou aumentado e não reduzido. Devendo estar, os interesses do Reino, acima dos interesses pessoais do Rei.

O testamento tenta reflectir a destrinça entre fortuna pessoal e património do Reino, que não era fácil na altura.

De um modo geral às filhas, Sancho, "testamentava" propriedades, enquanto aos varões preferia prever doações em dinheiro, em vez de territoriais como que precavendo futuras divergências.

Ao herdeiro do trono para além do Reino, também a soma em dinheiro era bastante maior, que explicitamente indicava guardados nas Torres de Coimbra e Évora. Sem o explicitar é de crer que D.Sancho entendesse essa quantia como património monetário do Reino.

  • Junho-Ataques a Sevilha e Córdova e Serpa em aliança com Afonso VIII de Castela.
A aliança com o rei de Castela produziu alguns frutos, como as expedições militares contra os almóadas. Acções concertadas como as que este ano havia de ser levado a cabo por D.Sancho I ao atacar Serpa enquanto o rei Castelhano atacava Sevilha e Córdova. Contudo a nova aliança Castelo-Leonesa em Corrion, (ver mais abaixo), levaria por certo Sancho a rever a sua estratégia

  • Março,24-Nascimento de D.Fernando 6º filho de D.Sancho I .
Foi conde de Flandres pelo seu casamento com D. Joana, filha do conde Balduíno, que foi mais tarde imperador de Constantinopla.

Na guerra anglo-francesa, Flandres optou pela Inglaterra. Derrotado em Bovinas, foi aprisionado pelas tropas francesas de Filipe Augusto, tendo permanecido em Paris muitos anos preso, muito embora bastante admirado pelos próprios franceses pelo seu comportamento em combate.

Muitas foram as concessões que Joana condessa sua mulher, teve que fazer ao rei francês pela libertação de Fernando, que no entanto só viria a ser libertado mais tarde já em 1227, no tempo do rei Luís IX.



terça-feira, 30 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1187


  • Rompimento de tréguas com os almóadas
  • Janeiro-Doação dos castelos de Alcanede, Alpedriz e Juromenha à ordem de Évora.
No primeiro dia de Outubro de 1886 o o rei doava aos bispos de Évora os reguengos de Soveral,Avelal e Montijo e depois em Janeiro deste ano os castelos acima referidos, com a indicação expressa "se deus mos conceder". O rei ainda nao conquistara esses castelos mas tinha a convicção que o conseguiria, para mais sabendo que com esta doação prévia, obteria o apoio desses cavaleiros a essa intenção.
Em Fevereiro deste ano, acrescentaria a este intento ao bispo de Évora o dízimo das portagens dessa cidade, como recompensa pelos serviços prestados.
  • Fevereiro,28-Nascimento do segundo filho varão- D.Pedro(5ºfilho)-viria a ser conde Urgel e rei das Baleares.
Nasceu em Coimbra o Infante D. Pedro, segundo filho varão de D. Sancho I que viria a ter uma vida aventurosa.

Após a morte do pai, lutou contra o irmão D. Afonso II em protesto de este não entregar os castelos e terras que eram de direito das irmãs, as Infantas D. Sancha e D. Teresa.

Em Marrocos, batalhou sob as ordens do emir e como recompensa dos feitos guerreiros, resgatou os corpos de cinco frades franciscanos “Os Santos Mártires de Marrocos” que receberam sepultura definitiva no Convento de Santa Cruz na cidade de Coimbra.

Casou em Barcelona, terra de nascimento de sua mãe D. Dulce, com a Condessa de Urgel.

Em 1230, o Rei de Aragão ofereceu-lhe o senhorio das ilhas de Maiorca e Minorca, com a possibilidade de ostentar o título de rei.Em 1236, D. Pedro embarcava para o Oriente em ajuda ao Império Latino de Constantinopla.

Regressado, mais uma vez, pôs os seus homens de armas e a sua experiência ao lado do sobrinho D. Afonso, futuro D. Afonso III, na sua contenda com D. Sancho II.

Faleceu em 1258.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1186-(I)

Acontecimentos no ano de 1186

  • Doação ao bispo de Tui da Igreja de Macedo, para “reparar os males provocados pelo rei anterior, quando do cerco da cidade”.
Início do reinado, procurando organizar alguns aspectos "administrativos", bem como, típico dos reinados medievais, assentar as bases de entendimento com a Igreja.
Neste caso também havia a componente de "alivio de consciência", pela devastação da cidade galega nos finais da década de 70.
  • Abril,23-Nascimento de D.Afonso.
O futuro herdeiro da coroa, nasceu no dia de S.Jorge, um bom augúrio por ser um dos santos patronos da guerra. Foi o primeiro filho varão, antecedido pelo nascimento de 3 irmãs, duas delas que viriam a ser beatificada bem mais tarde no século XVIII.
  • Julho-Deslocação a Tomar em visita a Gualdim Pais que havia concluído a construção do Castelo, obra iniciada em 1160.
Em verdade não existe prova documental que tenha sido esse o motivo da visita de D.Sancho ou tentativa diplomática, de iniciar conversações sobre a divergência que existia entre a Ordem dos Templários e o bispo de Coimbra, sobre os direitos a receber pelas igrejas de Pombal, Redinha e Ega.

Resumidamente o litígio consistia no direito que o bispo de Coimbra achava assistir-lhe de receber parte dos rendimentos dessas igrejas, que os Templários que as tinham recebido como doação de D.Afonso Henriques se sentiam isentos desse pagamento.

A concessão de direitos sobre todas as igrejas da Covilhã ao bispo Martinho de Coimbra, que entretanto D.Sancho assinara, pareceu acontecer por compensação às perdas sobre os direitos das referidas igrejas.
  • Setembro,14-O arcebispo de Braga é convocado pela cúria romana para se apresentar em Tui, para apresentar provas a favor da sua causa no diferendo que opunha Braga a Compostela.
O arcebispo Godinho, alegou não poder comparecer porque tinha que "assistir ao rei" que se encontrava na extremidade do reino. O rei atestou a veracidade da argumentação, que foi aceite pelos juízes marcando nova audição para o dia 6 de Outubro, 3 semanas mais tarde
  • Outubro-O rei doa os castelos de Almada, Palmela e Alcácer do Sal aos cavaleiros de Santiago (Espatários)e ao bispo de Évora os regueng0s de Soveral, Avelal e Montijo.




sábado, 20 de outubro de 2007

A aclamação

Com a morte de seu pai D.Afonso Henriques, em 6 de Dezembro de 1185, D.Sancho, com 31 anos, assume o trono de Portugal, sendo aclamado 3 dias depois, porque segundo a Chronicon Conimbricense estaria à data da morte de seu pai fora de Coimbra, só tendo regressado precisamente 3 dias depois.

Pareciam ser bons auspícios ser aclamado no dia de Santa Leocádia, uma santa de muita devoção na época, como mártir hispânica que dera nome à Basílica em Toledo, que era a sua padroeira, desde os tempos dos Reis visigóticos.

A questão herdada mais premente seria a vingança que se esperava não tardar, de Al-Mansur o temível filho do califa morto perto de Santarém.

Bons auspícios também advinham também de já ter acontecido o nascimento dum filho varão, preocupação sempre importante naqueles tempos, precisamente em 12 de Abril de 1185, ainda em vida de seu avô que recorde-se morreria em Dezembro desse mesmo ano.

Questão contudo controversa, já que alguns autores consideram que o futuro rei D.Afonso II, só viria a nascer em 1186, depois de seu pai ter sido coroado.

De qualquer forma, terá D.Sancho passado todo o mês de Dezembro em Coimbra, não havendo nota de despachos efectuados nesse período.

domingo, 30 de setembro de 2007

Grande vitória na defesa de Santarem

O ano de 1184 corresponde ao de uma forte ofensiva almóada com o objectivo de recuperar territorialmente o que haviam perdido, mas também a dignidade resultante de sucessivos desaires impostos em vários anos.

Preparam um poderosa ofensiva que em definitivo resolvesse a "questão portuguesa", o perigo que representava o rei de Portugal e as suas investidas.

O califa Yussuf I chegou a Sevilha em 25 de Maio de 1184 concentrando aí não só as forças que consigo havia trazido de África, como as que lhe foram cedidas pelos seus aliados ibéricos.

A enorme máquina pôs em marcha começando por retomar Cáceres, sem luta, já que as forças do rei leonês Fernando II, temendo o confronto abandonaram essa praça refugiando-se em Ciudad Rodrigo.

No mesmo ano no mês de Junho aproximaram-se Santarém, que consideravam o início do grande plano de reconquista que incluía naturalmente Lisboa, Évora Sintra,Alcácer, Coimbra e claro dominar toda a Lusitânia, antes de marchar até Toledo.

Era realmente um plano de reconquista Hispânica. A avaliar pelas referência conhecidas e compiladas de várias fontes da época.


A defesa de Santarém, coube inteiramente ao infante Sancho, no comando das forças portuguesas, numa luta que começou por ser travada no exterior das muralhas, encontra-se amplamente descrita e relatam a bravura da resistência das forças comandadas pelo infante, em diversas crónicas.

Mesmo os cronistas árabes, referem essas lutas nos arredores de Santarém, mas todas elas são inconclusivas sobre as verdadeiras razões da retirada almóada, que viria a acontecer.

Falava-se nos reforços cristão que estavam para chegar, entre eles as forças do rei leonês,do bispo de Porto e do próprio rei D.Afonso Henriques que partindo de Coimbra já se encontraria em Porto de Mós, além das forças reunidas pelo arcebispo de Compostela, todos esse factores conjugados, terão conduzido à retirada das forças almóadas de Santarém.

O acto da retirada, terá sido um pouco caótico e permitiu o ataque português ao reduto do próprio califa, do qual, além da morte dos seus principais chefes, resultou que Yussuf I seria ferido morte, vindo a falecer na retirada.

Foi realmente uma grande vitória, embora desde logo se soubesse, que outros ataques viriam a acontecer já que o filho do califa não deixaria esta derrota por vingar

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A derrota de Arganal

Batalha de Arganal descrita no blog sobre D.Afonso Henriques (clicar aqui), foi um grave revés para o jovem infante, triunfador em Sevilha no ano anterior, na tentativa frustrada de vingar o desastre de Badajoz.

Ás explicações dadas na publicação acima referida deve acentuar-se que para além dos cálculos do eventual enfraquecimento das forças leonesas devido aos vários reencontros tidos com forças almóadas, também um acordo entre Portugal desse mesmo ano estabelecido entre Sancho e Afonso VIII de Castela e entre este e o vizinho aragonês, permitiram a ambos as previsões mais optimistas no confronto que ambos pretendiam ter com Leão, por razoes diferentes.

Previsões falíveis pois Afonso VIII por duas vezes e Sancho comandando as tropas portuguesas foram derrotados.

A batalha de Arganal, em data não determinada, saldou-se por uma derrota, que terá abalado de algum modo o prestígio do jovem herdeiro, por certo minimizada pela chegada da bula Manifestis probatum est, que conduz Portugal ao reconhecimento papal da sua soberania enquanto reino cristão

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ataque aos arredores de Sevilha (1178)

O prestígio das vitórias militares portuguesas estavam a esfumar-se.

Desde 1175 que a derrota de Badajoz não havia sido retaliada com outro importante feito o que tinha ocasionado que nos anos subsequentes ao acontecimento de Badajoz, alguns acontecimentos "diplomáticos" havia tido lugar na península ibérica, sem a participação portuguesa.


Pode ser esta uma das justificações possíveis para a realização da expedição de Sancho ao arrabalde de Sevilha em finais de 1178.

Dois objectivos eram evidentes, mostrar aos reinos cristão peninsulares que Portugal "ainda existia" do mesmo modo que se reafirmava o mesmo junto do Papado, relembrando que havia ainda um reino por reconhecer, o nosso.

A vitória em Sevilha tinha que ser retumbante e cabia a D.Sancho herdeiro do trono, provar que embora seu pai o grande conquistador, estivesse fisicamente incapaz, as qualidades do reino se mantinham e representadas pelo seu filho.

Toda a historiografia assinala o feito no assalto a Triana, que fora precedido dum ensaio ás portas de Beja, arrasando os campos em redor mas seguindo para sul.

Na margem esquerda do Guadalquivir, as tropas de D.Sancho, roubou e destruiu casas atacou e incendiou galeras atracadas no porto e acabando por retirar com grandes despojos.

O objectivo havia sido inteiramente conseguido

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Silvestre Godinho-Arcebispo de Braga-1175

A morte de D.João Peculiar em Dezembro de 1175, complementaria o quadro das alterações institucionais que decorreram no tempo que se designa pós desastre de Badajoz.

Naturalmente que esta alteração no arcebispado de Braga não decorreu de nenhuma alteração política, antes consequência da ordem natural da vida.

D.João Peculiar foi então substituído pelo arcebispo Silvestre Godinho, que se iria manter nesse lugar até 1188, 2 anos depois da morte de D.Afonso Henriques razão porque coloco este evento no blogue do rei Sancho e não no de seu pai.

Anteriormente Godinho havia sido bispo de Viseu, não havendo muita informação a seu respeito, para além do seu apelido ser Soares e que tendo angariado reputação em Braga, tenho ido depois para Viseu antes de retornar às origens para assumir o arcebispado dessa cidade.

Certo é que após a sua nomeação, ter-se-á reaberto o processo do reconhecimento de Portugal como reino, na sequência da sua deslocação a Roma para confirmar a eleição (feita por D.Afonso Henriques) e receber o pálio *.

Diga-se também, porque Godinho representava um novo tipo de arcebispo, que não continha a carga que D.João Peculiar ao longo de 40 anos tinha gerado de rebeldia para com Roma, ao recusar sistematicamente em obedecer a Toledo.

A longa incapacidade física de D.João Peculiar também o afastava de Roma, portanto esta nomeação de Godinho e o casamento de D.Sancho com uma princesa duma das casas mais bem relacionadas com o Papado, pareciam poder abrir caminho para um processo de reconhecimento do reino de Portugal a mais curto prazo de tempo.

Não seria bem assim como se verá

*Pálio é uma espécie de colarinho de lã branca, são abençoados pelo Papa. Se um arcebispo é transferido para outra arquidiocese, deve pedir outro.É o símbolo de seu poder e da sua comunhão com a Igreja.


domingo, 12 de agosto de 2007

A "rebelião" do príncipe Sancho ?

Ano de 1175 o ano seguinte ao seu casamento com Dulce de Aragão, parece corresponder a uma tentativa de controlo do poder pela parte do infante Sancho. Muito embora a restante documentação não seja esclarecedora a suspeita de que algo possa ter acontecido justifica-se por dois actos ocorrido entre Setembro e Outubro desse ano.

Situações de doação, em que o emissor do documento é o "Rei Sancho" e não seu pai e a chancelaria que rubrica os documentos é o conde Vasco Sanches de Barbosa que já não exercia funções desde a reforma de 1172.

No final dos documentos lê-se "Eu roboro este documento com as minhas próprias mãos.reinando o rei Sancho e sendo senhor da terra Afonso Henriques",como se o filho em revolta remetesse o pai para o papel singular de "senhor da terra como se se tratasse apenas dum qualquer simples senhor feudal.

Num outro documento afirma-se justificando a doação a Rodrigo Mendes pelo apoio prestado quando o rei Fernando de Leão invadiu o meu reino, sem qualquer alusão a seu pai.

A invasão por Fernando de Leão justifica-se por alguma escaramuça resultante da anulação do seu casamento com Urraca Afonso, irmã de D.Sancho, que ocorreu também neste ano de 1175 e a devolução ou reivindicação territorial do dote, sempre motivaram distúrbios.

Não existe certeza sobre a hipótese de rebelião, para além da análise dessa documentação, contudo a separação das famílias nobres em "partidos" poderia ter influenciado o infante Sancho, a tomar essa atitude porém apenas justificada pela pressa em ser Rei, não por certo sobre a intenção de D.Afonso Henriques em preferi-lo como herdeiro, que nesta altura e sobretudo após o seu casamento era já inquestionável.

A normalidade foi de imediato restaurada tanto assim que o doação de Coruche referenciada no blogue sobre D.Afonso Henrique, à recentemente criada ordem de Évora já possuía a chancela real.

Contudo esse mesmo documento no final, continha uma redacção única, dizia-se expressamente que essa doação do rei Afonso tinha o consentimento explícito do príncipe Sancho e não apenas o seu simples assentimento.

Qual o motivo ?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Casamento com Dulce de Aragão

(D.Dulce de Aragão)
Com a entrada da idade adulto, estava na altura de se arranjar um casamento para o príncipe herdeiro.

A questão política da escolha tratei no blog sobre D.Afonso Henriques, por considerar, obviamente muito mais da esfera da decisão do rei do que propriamente da vontade do infante o que naquele tempo contava muito pouso.

A legitimidade da escolha de Dulce de Aragão para rainha, parecia não estar em perigo, pois a proximidade parental, remontava ao início do século anterior, a parentesco do quinto grau entre os pais dos nubentes, que poderia ser suficiente para afastar o espectro da separação forçada após o casamento, que a ninguém interessava.

A garantia não era absoluta pois em ainda em 1215 a norma era respeitar a interdição do casamento até ao sétimo grau de parentesco.

D.Dulce teria casado com D.Sancho com 14 anos e ele 20 anos, não se conhecendo grandes relatos sobre a noiva, nem sobre o seu dote, pois a normalidade do seu casamento e dos anos que se seguiram sem litígio, não permite a reconstituição desses detalhes.

Esperava-se isso sim que a filha de Petronilha de Aragão e Raimundo Berenguer IV fosse fértil e nesse aspecto Dulce não desapontaria a corte portuguesa, pois ao longo de 20 anos de casamento, daria à luz no mínimo 11 filhos, suficientes para assegurar a continuidade dinástica.

domingo, 22 de julho de 2007

O alinhamento dos mordomos

Se a designação do cargo de alferes mor do reino, correspondia ao do chefe de Estado maior, comandante geral dos exércitos do nosso tempo, o cargo de mordomo-mor existia no equivalente ao do chefe da casa civil de hoje.

Muito embora não se possa neste caso da mordomado, apontar a mesmo causa para a remodelação que aconteceu no Reino, após o desastre de Badajoz, o certo é que também a remodelação aconteceu, embora em data anterior ao assalto a Badajoz.

Foi nomeado Vasco Sanchez de Barbosa como mordomo do rei Afonso sendo ao mesmo tempo nomeado em paridade o mordomo do infante Sancho, por acaso cunhado de Vasco, de nome Pedro Fernandes de Bragança, curiosamente ambos oriundos de famílias com ascendência galega, reforçando a tendência que se irá observar até à morte de D.Afonso de maior aproximação à Galiza.

A partir pois de 1169 irá assistir-se a uma mudança no predomínio das famílias aristocráticas junto do poder real que deixa antever, que a convivência entre elas não seria com certeza fácil, mesmo atendendo ás aproximações que diversos casamentos haviam minimizado.

Para ilustrar a dificuldade de convivência, entre os dois mordomos, recorde-se um episódio compilado dos livros de linhagens, no qual o pai de Pedro, um tal Fernão Mendes, conhecido como o Braganção, levara a cabo uma das vinganças mais insólitas nesses livros relatadas.

Um dia despeitado porque o pai do Vasco e um tal Gonçalo Mendes de Sousa, tinham troçado dele por lhe ter escorrido um fio de natas pelo queixo abaixo, jurou vingar-se promovendo um castigo exemplar aos risonhos pares do reino.

Exigiu a D.Afonso Henriques que lhe concedesse a mão da irmã Teresa Henriques, que estava casada com o pai do Vasco, Sancho Nunes de Barbosa, enquanto a Gonçalo Mendes de Sousa se "limitou" a arrasar-lhes os domínios.

Sabe-se que D.Afonso Henriques autorizou a transferência de mulher entre ambos.

Pode então adivinhar-se a tensão existente entre os dois mordomos, mas mais do que isso importa reflectir na importância do papel das famílias e do seu poderio, junto do rei.

Permanece porém insondável a nossos olhos, o papel de D.Afonso na gestão destas influências mas sobretudo ameniza em muito a visão "absolutista", que poderíamos ter do nosso primeiro rei.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

A promoção a parceiro real

O desastre de Badajoz veio alterar por completo o clima, que rodeava o jovem adolescente Sancho, que apenas com 15 anos, continuava a sua educação, junto de sua ama.

A aura que acompanhava o rei seu pai, de grande triunfador, pela primeira vez abalara, as estrutura do Reino, que por certo foi alertada para a "possibilidade da morte" de D.Afonso Henriques e da concretização da sua sucessão.

Muito embora a vigorosa aparência do Rei e a sequência das suas vitórias militares o não lembrasse, o certo é que D.Afonso já tinha 60 anos, um velho na concepção daquela época, dado já em muito ter ultrapassado a esperança média de vida, por certo não muito distante dos 30 anos.

A prisão e a invalidez subsequentes ao desastre militar de Badajoz, trouxeram muita reflexão e algumas alterações (ver blogue D.Afonso Henriques apontamento 47) a que D.Sancho não ficará alheio.

Uma diferença se notaria desde logo (1169), quando o Rei voltou ás lides governativas, após a sua convalescença, o seu filho Sancho começa a aparecer com outro tipo de estatuto na documentação, em parceria com o pai, subscrevendo documentos, bem como personalidades da sua casa, chamados "do rei Sancho".

O simbolismo dessa "promoção" e dessa insistência em realçar a importância do "rei Sancho", não pode abstrair-se da nomeação de Fernando Afonso o primeiro filho ilegítimo do Rei, para o importante cargo de alferes-mor do Reino.

Entenda-se portanto esta nomeação, como uma preocupação da chancelaria real, em afirmar que o lugar de herdeiro não estaria em causa.

Ver-se-á que esses avisos não foram suficientes.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Nascimento e educação

D. Sancho I, nasceu em Coimbra em 11 de Novembro de 1154.

Quando nasceu não fora destinado para assumir a realeza, visto que já existia um primogénito de D.Afonso Henriques, de nome Henrique e que havia nascido em 1147.

Porém a morte deste seu irmão aos 8 anos, veio transformá-lo no sucessor de seu pai,que no imediato veio a resultar na alteração do seu nome de Martinho para Sancho.

Consideraram na altura que o nome Martinho, que lhe havia sido atribuído, por certo por ter nascido no dia daquele Santo, não lhe concedia dignidade régia.

Não porque São Martinho tivesse ressonância dum santo menor, mas também por não haver na Península Ibérica, nenhum rei com este nome, nem o seria no futuro, pelo menos durante os séculos XII e XIII.

Sabe-se pouco sobre a infância de Sancho, que ficou sem mãe aos 3 anos, por morte da rainha Matilde em Dezembro de 1157, quando do parto do seu sexto filho a princesa Sancha.

Presume-se sem grandes certezas, que a sua educação, terá sido entregue a D.Teresa Afonso segunda mulher e viúva de Egas Moniz.

O conceito de educação, era nesta altura muito diferente do de hoje, pois ainda há discussão entre historiadores, sobre a iletracia para uns ou da relativa cultura para outros do rei Sancho.

Estes últimos atribuíam-lhe a criação duma das cantigas de amigo do Cancioneiro da Ajuda, que comprovaria a capacidade cultural do rei.Hoje alguns contestam este possibilidade, determinando que ela não poderia ter sido composta por D.Sancho I, mas sim por Sancho II ou Afonso X "O sábio" de Castela .

Os que advogam a sua incultura, remetem para palavras do papa Inocêncio III, que terá recomendado que se fizessem ler todas as suas cartas presencialmente em voz alta e na íntegra, o que poderia levar a crer que D.Sancho I seria analfabeto.

Será apressada esta conclusão, uma vez que ler as cartas em voz alta era na altura a forma de as publicar,ou seja de as autenticar.

Ver-se-á que, só assumirá a coroa portuguesa com 31 anos, na sequência duma prolongada regência, devida à incapacidade física de seu pai, após o desastre de Badajoz em 1169