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domingo, 22 de julho de 2007

O alinhamento dos mordomos

Se a designação do cargo de alferes mor do reino, correspondia ao do chefe de Estado maior, comandante geral dos exércitos do nosso tempo, o cargo de mordomo-mor existia no equivalente ao do chefe da casa civil de hoje.

Muito embora não se possa neste caso da mordomado, apontar a mesmo causa para a remodelação que aconteceu no Reino, após o desastre de Badajoz, o certo é que também a remodelação aconteceu, embora em data anterior ao assalto a Badajoz.

Foi nomeado Vasco Sanchez de Barbosa como mordomo do rei Afonso sendo ao mesmo tempo nomeado em paridade o mordomo do infante Sancho, por acaso cunhado de Vasco, de nome Pedro Fernandes de Bragança, curiosamente ambos oriundos de famílias com ascendência galega, reforçando a tendência que se irá observar até à morte de D.Afonso de maior aproximação à Galiza.

A partir pois de 1169 irá assistir-se a uma mudança no predomínio das famílias aristocráticas junto do poder real que deixa antever, que a convivência entre elas não seria com certeza fácil, mesmo atendendo ás aproximações que diversos casamentos haviam minimizado.

Para ilustrar a dificuldade de convivência, entre os dois mordomos, recorde-se um episódio compilado dos livros de linhagens, no qual o pai de Pedro, um tal Fernão Mendes, conhecido como o Braganção, levara a cabo uma das vinganças mais insólitas nesses livros relatadas.

Um dia despeitado porque o pai do Vasco e um tal Gonçalo Mendes de Sousa, tinham troçado dele por lhe ter escorrido um fio de natas pelo queixo abaixo, jurou vingar-se promovendo um castigo exemplar aos risonhos pares do reino.

Exigiu a D.Afonso Henriques que lhe concedesse a mão da irmã Teresa Henriques, que estava casada com o pai do Vasco, Sancho Nunes de Barbosa, enquanto a Gonçalo Mendes de Sousa se "limitou" a arrasar-lhes os domínios.

Sabe-se que D.Afonso Henriques autorizou a transferência de mulher entre ambos.

Pode então adivinhar-se a tensão existente entre os dois mordomos, mas mais do que isso importa reflectir na importância do papel das famílias e do seu poderio, junto do rei.

Permanece porém insondável a nossos olhos, o papel de D.Afonso na gestão destas influências mas sobretudo ameniza em muito a visão "absolutista", que poderíamos ter do nosso primeiro rei.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

A promoção a parceiro real

O desastre de Badajoz veio alterar por completo o clima, que rodeava o jovem adolescente Sancho, que apenas com 15 anos, continuava a sua educação, junto de sua ama.

A aura que acompanhava o rei seu pai, de grande triunfador, pela primeira vez abalara, as estrutura do Reino, que por certo foi alertada para a "possibilidade da morte" de D.Afonso Henriques e da concretização da sua sucessão.

Muito embora a vigorosa aparência do Rei e a sequência das suas vitórias militares o não lembrasse, o certo é que D.Afonso já tinha 60 anos, um velho na concepção daquela época, dado já em muito ter ultrapassado a esperança média de vida, por certo não muito distante dos 30 anos.

A prisão e a invalidez subsequentes ao desastre militar de Badajoz, trouxeram muita reflexão e algumas alterações (ver blogue D.Afonso Henriques apontamento 47) a que D.Sancho não ficará alheio.

Uma diferença se notaria desde logo (1169), quando o Rei voltou ás lides governativas, após a sua convalescença, o seu filho Sancho começa a aparecer com outro tipo de estatuto na documentação, em parceria com o pai, subscrevendo documentos, bem como personalidades da sua casa, chamados "do rei Sancho".

O simbolismo dessa "promoção" e dessa insistência em realçar a importância do "rei Sancho", não pode abstrair-se da nomeação de Fernando Afonso o primeiro filho ilegítimo do Rei, para o importante cargo de alferes-mor do Reino.

Entenda-se portanto esta nomeação, como uma preocupação da chancelaria real, em afirmar que o lugar de herdeiro não estaria em causa.

Ver-se-á que esses avisos não foram suficientes.