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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ataque aos arredores de Sevilha (1178)

O prestígio das vitórias militares portuguesas estavam a esfumar-se.

Desde 1175 que a derrota de Badajoz não havia sido retaliada com outro importante feito o que tinha ocasionado que nos anos subsequentes ao acontecimento de Badajoz, alguns acontecimentos "diplomáticos" havia tido lugar na península ibérica, sem a participação portuguesa.


Pode ser esta uma das justificações possíveis para a realização da expedição de Sancho ao arrabalde de Sevilha em finais de 1178.

Dois objectivos eram evidentes, mostrar aos reinos cristão peninsulares que Portugal "ainda existia" do mesmo modo que se reafirmava o mesmo junto do Papado, relembrando que havia ainda um reino por reconhecer, o nosso.

A vitória em Sevilha tinha que ser retumbante e cabia a D.Sancho herdeiro do trono, provar que embora seu pai o grande conquistador, estivesse fisicamente incapaz, as qualidades do reino se mantinham e representadas pelo seu filho.

Toda a historiografia assinala o feito no assalto a Triana, que fora precedido dum ensaio ás portas de Beja, arrasando os campos em redor mas seguindo para sul.

Na margem esquerda do Guadalquivir, as tropas de D.Sancho, roubou e destruiu casas atacou e incendiou galeras atracadas no porto e acabando por retirar com grandes despojos.

O objectivo havia sido inteiramente conseguido

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Silvestre Godinho-Arcebispo de Braga-1175

A morte de D.João Peculiar em Dezembro de 1175, complementaria o quadro das alterações institucionais que decorreram no tempo que se designa pós desastre de Badajoz.

Naturalmente que esta alteração no arcebispado de Braga não decorreu de nenhuma alteração política, antes consequência da ordem natural da vida.

D.João Peculiar foi então substituído pelo arcebispo Silvestre Godinho, que se iria manter nesse lugar até 1188, 2 anos depois da morte de D.Afonso Henriques razão porque coloco este evento no blogue do rei Sancho e não no de seu pai.

Anteriormente Godinho havia sido bispo de Viseu, não havendo muita informação a seu respeito, para além do seu apelido ser Soares e que tendo angariado reputação em Braga, tenho ido depois para Viseu antes de retornar às origens para assumir o arcebispado dessa cidade.

Certo é que após a sua nomeação, ter-se-á reaberto o processo do reconhecimento de Portugal como reino, na sequência da sua deslocação a Roma para confirmar a eleição (feita por D.Afonso Henriques) e receber o pálio *.

Diga-se também, porque Godinho representava um novo tipo de arcebispo, que não continha a carga que D.João Peculiar ao longo de 40 anos tinha gerado de rebeldia para com Roma, ao recusar sistematicamente em obedecer a Toledo.

A longa incapacidade física de D.João Peculiar também o afastava de Roma, portanto esta nomeação de Godinho e o casamento de D.Sancho com uma princesa duma das casas mais bem relacionadas com o Papado, pareciam poder abrir caminho para um processo de reconhecimento do reino de Portugal a mais curto prazo de tempo.

Não seria bem assim como se verá

*Pálio é uma espécie de colarinho de lã branca, são abençoados pelo Papa. Se um arcebispo é transferido para outra arquidiocese, deve pedir outro.É o símbolo de seu poder e da sua comunhão com a Igreja.


domingo, 12 de agosto de 2007

A "rebelião" do príncipe Sancho ?

Ano de 1175 o ano seguinte ao seu casamento com Dulce de Aragão, parece corresponder a uma tentativa de controlo do poder pela parte do infante Sancho. Muito embora a restante documentação não seja esclarecedora a suspeita de que algo possa ter acontecido justifica-se por dois actos ocorrido entre Setembro e Outubro desse ano.

Situações de doação, em que o emissor do documento é o "Rei Sancho" e não seu pai e a chancelaria que rubrica os documentos é o conde Vasco Sanches de Barbosa que já não exercia funções desde a reforma de 1172.

No final dos documentos lê-se "Eu roboro este documento com as minhas próprias mãos.reinando o rei Sancho e sendo senhor da terra Afonso Henriques",como se o filho em revolta remetesse o pai para o papel singular de "senhor da terra como se se tratasse apenas dum qualquer simples senhor feudal.

Num outro documento afirma-se justificando a doação a Rodrigo Mendes pelo apoio prestado quando o rei Fernando de Leão invadiu o meu reino, sem qualquer alusão a seu pai.

A invasão por Fernando de Leão justifica-se por alguma escaramuça resultante da anulação do seu casamento com Urraca Afonso, irmã de D.Sancho, que ocorreu também neste ano de 1175 e a devolução ou reivindicação territorial do dote, sempre motivaram distúrbios.

Não existe certeza sobre a hipótese de rebelião, para além da análise dessa documentação, contudo a separação das famílias nobres em "partidos" poderia ter influenciado o infante Sancho, a tomar essa atitude porém apenas justificada pela pressa em ser Rei, não por certo sobre a intenção de D.Afonso Henriques em preferi-lo como herdeiro, que nesta altura e sobretudo após o seu casamento era já inquestionável.

A normalidade foi de imediato restaurada tanto assim que o doação de Coruche referenciada no blogue sobre D.Afonso Henrique, à recentemente criada ordem de Évora já possuía a chancela real.

Contudo esse mesmo documento no final, continha uma redacção única, dizia-se expressamente que essa doação do rei Afonso tinha o consentimento explícito do príncipe Sancho e não apenas o seu simples assentimento.

Qual o motivo ?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Casamento com Dulce de Aragão

(D.Dulce de Aragão)
Com a entrada da idade adulto, estava na altura de se arranjar um casamento para o príncipe herdeiro.

A questão política da escolha tratei no blog sobre D.Afonso Henriques, por considerar, obviamente muito mais da esfera da decisão do rei do que propriamente da vontade do infante o que naquele tempo contava muito pouso.

A legitimidade da escolha de Dulce de Aragão para rainha, parecia não estar em perigo, pois a proximidade parental, remontava ao início do século anterior, a parentesco do quinto grau entre os pais dos nubentes, que poderia ser suficiente para afastar o espectro da separação forçada após o casamento, que a ninguém interessava.

A garantia não era absoluta pois em ainda em 1215 a norma era respeitar a interdição do casamento até ao sétimo grau de parentesco.

D.Dulce teria casado com D.Sancho com 14 anos e ele 20 anos, não se conhecendo grandes relatos sobre a noiva, nem sobre o seu dote, pois a normalidade do seu casamento e dos anos que se seguiram sem litígio, não permite a reconstituição desses detalhes.

Esperava-se isso sim que a filha de Petronilha de Aragão e Raimundo Berenguer IV fosse fértil e nesse aspecto Dulce não desapontaria a corte portuguesa, pois ao longo de 20 anos de casamento, daria à luz no mínimo 11 filhos, suficientes para assegurar a continuidade dinástica.