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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A morte de D.Sancho I


Nos últimos tempos de vida D.Sancho, alterou profundamente a sua postura no que ao relacionamento com outra pessoas dizia respeito.

Provavelmente o temor da morte provocou essa mudança, muito embora ao que parece tenha padecido de doença durante muito tempo, o pressentimento do seu fim deverá ter conduzido a alteração referida.


A energia e a desumanidade outrora revelada que levara por exemplo a mandar tirar os olhos aos parentes do bispo de Coimbra, que se recusaram a quebrar o interdito de que fora alvo, ou a prisão a que sujeitara os nobres que se lhe opunham, destruindo todos os seus bens, sem contemplações e que Inocêncio III, nas bulas de confirmação do testamento se referira à doença e aos padecimentos como castigo pelos muitos pecados que cometera.

Agora um homem piedoso e humilde dirigia-se aos seus súbditos, revelava-se desesperado pela recuperação da sua doença, num documento escrito em Alcobaça menos de um mês depois da feitura dos seu elaborado último testamento, referido no post anterior. Nesse documento pede aos seus súbditos de Lisboa, que orem por ele as santos da sua devoção.

Essa passagem por Alcobaça, inseriu-se no percurso da sua viagem para Santarém, onde ia em busca dos conselhos de afamados físicos , que por ali haviam ficado desde o tempo da dominação árabe e que mantinham enorme prestígio.


Porém já não sairia vivo de Santarém onde viria a morrer em data pouco explícita, atendendo à diversidade na menção pelas fontes, sendo que as mais credíveis apontam para os dias 29 ou 30 de Março de 1211, com 57 anos.

Alguns cronistas da época atestaram que D.Sancho I morrera de "melancolia", que contrariamente a conceitos mais modernos, no século XIII, subordinado à teoria dos humores de Hipócrates, definia-se melancólico como alguém que sofria de excesso de bílis negra, identificada como característico das pessoas com grandes picos variáveis entre a euforia e a depressão, o que hoje se consideraria um bipolar.


Fica apenas esta curiosidade, não havendo nada que confirme sequer a morte devida ao tal excesso de bílis negra.

Alguns autores referem que terá morrido em Coimbra, eventualmente devido ao facto de estar sepultado ali, junto ao túmulo de seu pai no Mosteiro de Santa Cruz, contudo parece-me mais credível a teoria da morte em Santarém, defendida pela Drª Maria João Violante Branco, atendendo à profusão de documentos assinados naquela cidade em datas bem próximas da sua morte

domingo, 24 de agosto de 2008

Os últimos testamentos reais

Durante toda a sua vida D.Sancho I fez 3 testamentos, o primeiro deles em 1188 tinha o seu filho Afonso 3 anos, perfeitamente justificado atendendo aos tempos conturbados por acção militar então vividos, para assegurar a sucessão de todo o reino, para que tudo permanecer em paz e tranquilidade, porque nesses tempos não era um princípio universalmente aceite, que o primogénito herdasse a coroa e muito menos "todo o Reino".

No segundo a ideia é reafirmada, ainda com os mesmo objectivos.

No terceiro testamento redigido em Coimbra em Outubro de 1210, a diferença consiste na obrigação de compromisso do herdeiro Afonso, sobre a forma de juramento em cumprir, "todas as coisas nele estipulados e velar por elas".

O facto de apenas 2 meses depois deste documento, por certo não confiando por inteiro na palavra do herdeiro, reforça esse compromisso nomeando garantes desse cumprimento várias personalidades, onde se destacam entre outros o arcebispo de Braga, o mestre dos Templários prior de Santa Cruz de Coimbra, o seu próprio bastardo Pedro Afonso, entre outros.

Também alguns castelos ficaram como penhor e que apenas seriam entregues ao jovem herdeiro no caso de cumprimento testamentário, arrematando tudo isto com um pedido feito ao papa Inocêncio III para que aprovasse o testamento.

A prova de desconfiança no herdeiro era absoluta, mas por certo a D.Sancho I, não passaria pela cabeça que o seu cumprimento se não concretizasse.

O dispersar da fortuna real era enorme, tão grande como a quantidade de herdeiros, já que só em filhos legítimos e bastardos chegou a 19, embora alguns lhe não sobreviveram. Já no segundo testamento havia contemplado algumas das suas amantes, como Maria Aires de Fornelos e Maria Pais Ribeira, a Ribeirinha a quem por exemplo couberam os senhorios de Vila do Conde,Parada, Pousadela e Pereiró.

O Papa bem como muitos mosteiros igrejas e Sés, também foram contemplados, o que também não deixaria de satisfazer a cúria romana.

Enfim, muita gente contemplada e satisfeita, menos o príncipe herdeiro, que para além da coroa e 200 maravedis mais todas as suas armas, dois anéis usados por D.Afonso Henriques e cinco cavalos, mais nada lhe restava, da larga fortuna acumulada pela coroa portuguesa.

Na altura, o direito visigótico ainda respeitado, já impunha restrições a este desbaratar dos bens da coroa em prejuízo do herdeiro, facto este de extrema importância e que irá marcar todo o reinado de D.Afonso II

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O casamento do infante acentua as discórdias

Aparentemente o início das quezilias entre D.Sancho I e o bispo do Porto D. Martinho Rodrigues, teria sido a oposição que esse Bispo fizera, ao casamento do infante D.Afonso com D.Urraca filha de Afonso VIII rei de Castela. Considerando que os noivos eram parentes, recusou-se a participar nas cerimónias e a recebê-los na cidade do Porto, provocando deste modo uma grave ofensa ao rei.

Custa a querer que o usual casamento na época entre parentes próximos, fosse só por si motivação para incidentes graves e ofensas tão deliberadas.

Como nunca se colocou a questão da separação entre o casal nem antes nem depois do casamento não é considerar que este facto seja o fundamento primeiro para o conflito.

Este casamento foi no mínimo uma surpresa e um contra-senso quer para o clero, quer para a nobreza portuguesa do Entre Douro e Minho a quem convinha mais uma ligação mais próxima com a habitual casa vizinha de Leão, do que com a coroa de Castela.

A data deste casamento ocorreu por certo em 1208, já que a primeira referência encontrada na documentação de Sancho I, data de Fevereiro de 1209, onde o nome de Urraca aparece com a indicação de regina, logo após o nome do seu sogro e do marido. assim aparecendo sempre até ao final do reinado de Sancho I.


quinta-feira, 19 de junho de 2008

A morte de Fernando Afonso-Início duma longa crise

Os últimos anos do governo de D.Sancho I, não foram uns anos felizes, pelo contrário, marcados por inúmeros acontecimentos nefastos, incluídos num triângulo nefasto, más condições atmosféricas, más colheitas, fome e peste, agudizavam o que já não era propício a uma clima tranquilo, as tramas e conflitos políticos, por várias razões proveniente de conflitos de interesses, incluindo com a Igreja, como iremos ver adiante.

Problemas com a nobreza e com os eclesiásticos, não foram "descobertas" por D.Sancho, já vinham de longe e resultavam sempre que os reis ousam afirmar o seu poder. Não nasceram neste tempo, nem serão agora resolvidas, permanecerão no tempo dos seus filho e do seu neto.

Desde sempre a sombra de Fernando Afonso, irmão mais velho do rei, primeiro filho bastardo de D.Afonso Henriques com Chamoa Gomes. Sombra que pairara ao nível da própria sucessão, no tempo em que D:Afonso o chamaria para alferes-mor, mas que viria a afastar mais tarde da sua sucessão,.

Nos últimos tempos parece que essa sombra terá voltado a pairar, já que no ano de 1206, ao regressar a Portugal, depois de ter apresentado a sua demissão de grão-mestre da Ordem do Hospital por divergências com outros cavaleiros dessa Ordem. Rezam os cronistas do tempo que Fernando Afonso terá sido envenenado pelo caminho "por gente sua", ao que parece os freires de Úcles em Évora em 20 de Fevereiro de 1207

A historiadora Maria João Branco propõe que se deva encarar este regresso a casa de Fernando Afonso como uma primeira reacção ao agravamento da doença de Sancho (realmente nada lhe corria bem ) e ao papel proeminente que estava a ser dado ao filho Afonso primogénito. Talvez Fernando Afonso tenha considerado ter chegado a hora de fazer valer os seus direitos.

Tornara-se urgente pois o seu desaparecimento, facilmente dada a proximidade do rei quer com os referidos cavaleiro e Évora ou os do Hospital, seus apoiantes, poderem ter consumado o conveniente desaparecimento de Fernando Afonso.

Este foi pois o primeiro episódio duma conjunto de conflitos que se arrastariam até à morte do rei

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Acontecimentos no ano de 1202

Na Idade Média as epidemias e as fomes eram as principais causas de mortalidade em Portugal, que por sua vez estavam associados não só aos efeitos das devastações motivadas pela guerra, mas também aos efeitos da irregularidade climatérica, os invernos muito rigorosos, assim como os anos de seca provocavam naturalmente a escassez de alimentos, afectando, em primeiro lugar, os mais necessitados.

Associada à fome vinham as epidemias. Na última década do século XII aconteceram anos bastante trágicos por toda a Europa ocidental, dando origem às fomes de 1194 e de 1198.

As crónicas portuguesas são bastante omissas no que diz respeito a informações climatéricas, mas os anos de 1199 e 1200 parecem ter sido bastante pluviosos, não se obtendo boas colheitas, levando à escassez de cereais no reino, seguindo-se, depois as fomes, segundo rezam as crónicas, a habitual peste, no ano de 1202.

A assistência durante a epidemia de 1202 é relatada nestes termos: “Porém aonde se mais esmerou, e melhor se deixou ver a grande charidade dos Conegos de S. Cruz pera com os pobres, foi no tempo das fomes, e pestes, que houve neste Reyno, acudindo a curar os inficionados da peste, não só com temporaes medicinas, mas com as espirituaes dos Sacramentos da Confissão, e Sagrada Comunhão, morrendo muitos dos ditos Conegos nesta santa empreza. E consta das memorias do Cartorio do dito Mosteiro de S. Cruz, que naquella geral fome, e peste que houve neste Reyno pellos annos 1202 reynando EI-Rey D. Sancho I morreram trinta e tres Conegos do mesmo Mosteiro de S. Cruz,curando aos feridos da peste, e ministrando-lhes os sacramentos

Segundo a Chronica da Ordem dos Cónegos Regrantes do
Patriarcha J. Agostinho

Acontecimentos fora de Portugal

4ª Cruzada

  • Verão-Os cruzados chegam a Veneza. Os combatentes e o dinheiro não são suficientes para cumprir o tratado acordado no ano anterior. O doge veneziano Enrico Dándolo propõe a tomada da cidade de Zara, como pagamento do transporte dos cruzados.
A rica cidade italiana exigiu 85.000 marcos de prata para transportar os cruzados.

Como não se conseguiu a quantia pedida, foi proposto um acordo pelos venezianos, no qual os cruzados os ajudariam a tomar a cidade de Zara (hoje Zadar - Iuguslávia), no Adriático, cuja prosperidade preocupava seriamente Veneza.

Contra a opinião do Papa, o acordo foi feito e Zara saqueada. Em seguida os venezianos sugeriram um ataque a Constantinopla, pois não lhes interessava uma guerra contra os muçulmanos com os quais comerciavam intensamente.

  • Novembro-Conquista e pilhagem de Zara na costa ocidental dos Balcãs, na Dalmácia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Concedido foral a Sesimbra(1201)



O Castelo, a mais antiga fortaleza de Sesimbra, está implantado no topo de um morro a norte da Vila, dominando toda a baía.

Esta notável obra militar dos Sarracenos, não disponibilizou até hoje nenhum artefacto que a permitisse datar a época da se sua edificação, só foram encontrados, neste morro alguns materiais pré-históricos e proto-históricos indicando a existência de ocupação anterior do mesmo.


Foi conquistado aos Mouros em 21 de Fevereiro de 1165, por D. Afonso Henriques e abandonado em Junho de 1189, devido á investida do Califado Almoada do Mirambolim Iacube então rei de Sevilha, que reconquistou Alcácer do Sal e prosseguindo até Sesimbra atacou o Castelo destruindo toda a sua estrutura defensiva até aos alicerces.

Só em 1200 foi possível ocorrer a tomada definitiva de Sesimbra, com a ajuda militar dos Cruzados Francos. O Monarca ordenou então a reconstrução desta praça forte, tendo-se destacado os amigos de D. Guilherme de Flandres, que se ofereceram para povoar e defender esta importante zona do litoral.

O novo Castelo delimitado pela antiga Alcáçova foi construído de acordo com as recentes técnicas militares do Gótico, tendo por ex-libris a torre de menagem ligada á muralha que passou a envolver a vila de então, tendo D. Sancho I atribuído o 1º Foral de Sesimbra em Agosto de 1201, confirmado em 1218 por D. Afonso II.

Créditos: Sesimbra-património

  • Abril,17-Bula religiosum Vitae-Inocêncio III decreta tomar os monges de Évora sob sua protecção.
Os freires da Ordem de Évora são detentores de vasto património, e o papa Inocêncio III, através da bula Religiosum vitae (17.04.1201), declara toma-los sob sua protecção.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Benavente é povoada pela Ordem de Calatrava

Em 1199, a fixação de colonos estrangeiros na margem sul do Tejo, conduziu ao surgimento da povoação de Benavente. Situada nos limites do Castelo de Coruche, subordinado à Ordem de Calatrava, foi constituída sob a égide e senhorio desta Ordem Militar.

Neste facto, se tem também associado o nome da povoação, sabido que à mesma Ordem pertencia também o Castelo de Benavente, no Reino de Leão.

Benavente, situada entre Santarém e Lisboa, é delimitada pelo rio Sorraia, um dos principais afluentes do Tejo e foi o segundo concelho instituído ao sul deste rio.

Tem foral antigo, dado por D. Paio, ou Pelágio, mestre da Ordem Militar de Évora, em 25 de Março de 1200 e confirmado em Santarém em 1218 por D. Sancho I. D. Manuel concede-lhe foral novo em 16 de Janeiro de 1516.

Além disso recebeu privilégios de vários monarcas, especialmente de D. Dinis e D. Fernando.
Benavente, permite definir um centro histórico consolidado, uma vez que toda a área se encontra bem delimitada pelo rio Sorraia, a nascente e pela designada lezíria dos cavalos, na face poente.
Créditos : Câmara Municipal de Benavente

terça-feira, 4 de março de 2008

Acontecimentos no ano de 1199


  • Escaramuças com Afonso IX

O casamento em 1197 entre Afonso IX de Leão com Berengária de Castela libertou o rei leonês de preocupações bélicas com esse reino ao mesmo tempo que lhe permitiu virar as suas atenções para terras do seu ex-sogro Sancho I.

Muitas escaramuças aconteceram nomeadamente na zona de Trás-os Montes e nas Beiras. Foram inúmeras mas infelizmente mal documentadas, mas tendo ainda como pano de fundo para esse conflitos o dote de Teresa Sanches.

Em 1199 é facto confirmado escaramuças na zona de Pinhel, em Ervas Tenras, ainda hoje a mais pequena freguesia do concelho de Pinhel, que entrou na História por essa batalha pela morte nela de cavaleiros dos mais ilustres de Portugal.

Para além das questões militares propriamente ditas, que assolavam a Península, também outras questões não menos graves geravam preocupação ao Vaticano. O litígio entre Braga e Compostela e o bispo de Coimbra e Santa Cruz continuavam longe de acalmar.

Em Março de 1199, Inocêncio III, lança sobre Afonso IX uma dura sentença, relacionada com o seu novo casamento incestuoso o que diga-se era difícil de não acontecer com matrimónios entre reinos Peninsulares dada a proximidade que dum modo ou outro sempre acontecia.

  • Novembro,26-Atribuição do foral a Guarda
O rio Côa parecia demarcar-se como a fronteira política entre os reinos de Leão e Portugal, mas a ocupação da sua margem ocidental era muito menos significativa, apesar dos esforços dos cavaleiros de S. Julião de Pereiro e do mosteiro cisterciense de Santa Maria de Aguiar.

Sancho I procura resolver o problema. Promove então uma decidida acção de repovoamento e organização social do território, primeiro a partir da Guarda, a que entrega foral em 1199, e depois eleva a bispado com a transferência da diocese egitaniense para este centro urbano, e poucos anos depois com a criação do concelho de Pinhel, em 1209, que directamente afronta o de Castelo Rodrigo.

  • Chegada a Portugal uma embaixada inglesa para pedir a mão de uma infanta portuguesa, para casar com o rei João sem Terra.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1198

  • Relações estragadas com a Santa Sé
No ainda curto reinado de Sancho I, até à morte de Celestino III em Janeiro do ano de 1198, se pode dizer que a coexistência com os 3 Papas que conhecera até então, tivesse havido qualquer tipo de querela, bem pelo contrário, como anteriormente se mostrou.

Celestino II até o havia louvado pelo apoios e privilégio que Sancho dera ao Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra e como se viu no post anterior o tinha favorecido com uma bula de cruzada na sua luta contra Afonso IX de Leão aliado dos "infiéis".
(
Inocêncio III)

Contudo por certo que o Papa, não ignorava que Sancho exorbitava internamente, nas suas relações com eclesiásticos, consagrando bispos a seu belo prazer ao mesmo tempo que interferia nas eternas questões que já herdara de seu pai entre Braga e Compostela bem como Santa Cruz e a Sé de Coimbra.

Digamos então que a situação política que se vivia da Península, condicionava a actuação desses Papas seus contemporâneos facilitando-lhes o desvio da atenção para outras questões prioritárias.


A ascensão de Inocêncio III à cadeira papal em 22 de Fevereiro de 1198, veio contudo modificar esse panorama, assumindo contornos opostos.


Giovanni Lotario di Segni era um cardeal oriundo dos arredores de Roma, de famílias abastadas de origem germânica, foi sempre um ortodoxo, um homem de rigor , mas sobretudo muito vigoroso que a sua eleição para Papa aos 37 anos deixariam antever.

Dedicou o seu pontificado à reforma moral da Igreja, à luta contra os heréticos e os infiéis, à afirmação dos ideais teocráticos, tendo pregado a 4ª cruzada e a falhada cruzada contra os cátaros.

Este rigor tornou-se extensivo à coroa portuguesa, de tal modo que a primeira missiva que enviou a Sancho, foi para lhe lembrar que desde a bula de Alexandre III datada de há 20 anos atrás, nunca mais Portugal se havia preocupado em pagar o censo acordado com a Santa Sé.


Sancho terá respondido que anteriormente havia enviado uma grande quantidade de dinheiro, que daria para pagar 10 anos de contribuição, mas o Papa respondeu-lhe que essa tinha sido uma contribuição extraordinária, que não invalidava a obrigação do pagamento anual.


Tinham então sido estragadas as relações com a Santa Sé, com tal início de pontificado que ainda por cima ia ser bem longo, desalinhado em longevidade, com o que havia acontecido nos 3 últimos "papados".

Muito embora apó o pagamento do senso devido ao Papa este tenha em Dezembro de 1198, enviado uma carta de protecção como sinal de recebimento.

O certo é que os restantes litígios internos acima referidos, que chegaram ao conhecimento do Papa, iriam dar continuidade à má relação como veremos de seguida.

  • Morte da Rainha D.Dulce, vitima de peste.Morreu em Coimbra e está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz.

  • Combates fronteiriços contra os Leoneses nas regiões da Beira Alta e Trás-os-Montes, onde perderam a vida alguns dos mais importantes membros da nobreza portuguesa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Novas incursões na Galiza

Contrariando o acordo de Toredehumus de mutuo auxilio elaborado em 1194, entre Leão e Castela, logo em 1195, na sequência duma ofensiva almóada pela Andaluzia, numa batalha em Alarcos no dia 18 de Julho, o rei leonês não cumpriu o seu compromisso com Castela.

Mais do que isso aliou-se a Yacub al-Mansur e ao rei de Navarra, assumindo abertamente contra o Afonso VIII de Castela.

Essa atitude de Afonso IX, favoreceu os interesses de Sancho I, nas suas difíceis relações com o seu ex-genro, melhorando em contrapartida as que tinha com Castela e com o seu cunhado aragonês.

Desenhava-se nova guerra entre os reinos cristãos na Península, que diga-se viria favorecer sobretudo os interesses almóadas. Afonso II de Aragão terá por essa altura vindo a Coimbra apaziguar diferenças para evitar essa contenda, o que não sería de todo conseguida também porue morrereria em Abril de 1196

Naturalmente o papa não podia dar guarida a esta atitude do rei de Leão, que foi excomungado pelo papa Celestino III e aproveitada por Sancho para pedir em logo em Fevereiro de 1197 que fosse concedida uma bula com indulgências de cruzada para quem combater Afonso IX de Leão que de novo o papa concede, logo em Abril desse mesmo ano.

Esse facto e o prosseguimento das contendas entre Leão e Castela, envolvendo os respectivos aliados, veio proporcionar aos portugueses uma nova entrada na Galiza. território leonês como se sabe, tomando na Primavera de 1197, Pontevedra e Tuy, bem escudado na bula de Celestino III.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Esboço duma nova guerra com Leão

Só neste ano de 1194 afinal viria a concretizar-se a separação entre o rei Leonês Afonso IX e a filha de Sancho I, Teresa porque as condições na Península se tinha alterado e um aproximação a Castela, adquiria para Leão uma nova e atraente perspectiva.

A ofensiva almóada na Península, veio alertar todos os reinos cristão para a possibilidade de serem atacados

Ao contrário do sogro Afonso IX, mandou o seus enviados a Marraquexe para tratar de organizar tréguas com o califa por cinco anos, ao mesmo tempo que se aproximava do seu rival de Castela, afinal o único que mantinha nessa altura uma atitude expansionista e agressiva contra os almóadas, por toda a Andaluzia.

Essa aliança chegou em Abril, pelo Tratado de Tordehumus promovida pelo cardeal Gregório, o mesmo que veio a determinar a efectiva separação entre Teresa e Afonso IX.

As cláusulas da separação dos bens do casal deixavam Portugal, numa situação de inferioridade, reconhecia-se o direito à posse dos castelos de D.Teresa, mas obrigavam o Rei a praticamente prescindir deles, sob pena de Leão entrar em guerra.

O clima era tenso e prefigurava um tempo de guerra que não viria contudo a acontecer, pela pouca consistência do Tratado de Tordehumus , entre as duas referidas coroas Penínsulares e pelo papel sempre presente da acção almóada bastante agressiva. como se verá brevemente.



sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Mais um casamento anulado


O casamento de Teresa Sanches com Afonso IX de Leão a que deve juntar-se é preciso não esquecer o casamento de Sancho I com Dulce Aragão, concilia interesses entre os reinos de Portugal de Leão e de Aragão, o que equivalia a dizer-se que estava selado um aliança contra Castela.

Pelo menos deve ter sido esse o entendimento que Afonso VIII e os seus conselheiros terão tido desse casamento. ao pedir à cúria romana que o casamento fosse declarado nulo.

Realmente o seu parentesco era demasiado próximo, primos direitos, e a sentença foi dada pelo cardeal Guilherme de Santo Ângelo, legado papal de Celestino III ao Concílio de Salamanca.

O casal todavia não acatou essa ordem continuando a coabitar, sem obedecer às censuras de excomunhão e interdito sobre ambos e sobre os respectivos reinos.

A separação só viria a consumar-se 3 ou 4 anos depois.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Segunda invasão almóada

Depois do malogro da invasão do ano anterior, como seria de adivinhar o califa volta ao ataque, Começando mais cedo logo em Abril, para evitar, por certo, o Verão.

Mudando de estratégia, em vez de atacar de imediato Tomar ou Santarém como na invasão anterior, começa por tentar tomar os castelo em volta de Lisboa.

Partindo de Sevilha o califa opta para com as suas tropas por atacar Alcácer do Sal, entregue como se sabe à Ordem de Santiago.

Contra a enorme força inimiga apoiada pela frota que entretanto chegara, reforçando com mais 14 catapultas o ataque, os habitantes renderam-se face a uma inevitável derrota no dia 10 de Junho.

Face a esta derrota todas as outras guarnições da península de Setúbal se renderam e as populações abandonaram as praça, que foram completamente arrasadas, refiro Setúbal, Palmela, Almada e Coina, para que não fosse fácil qualquer tentativa de posterior recuperação.

Apenas Alcácer por certo pela sua posição estratégica, foi poupada a essa destruição.

Após esta fácil vitória Yacub al-Mansur dirige-se para Silves onde chegou a 27 de Junho, menos de um mês depois a 20 de Julho entra vitorioso em Silves.

Posto isto regressa a Sevilha vitorioso em 3 meses de campanha recupera todo o Alentejo com excepção de Évora e o Algarve derrotando Sancho I duma forma exemplar.

Naturalmente que os outros Reis cristão, acharam ser oportuno renovar as tréguas com o califa, não sendo o tempo de o afrontar.

Também Sancho as firmou por cinco anos, continuando a reinar enfraquecido por uma perda territorial sensível.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Fevereiro,15-Casamento da filha mais velha D.Teresa com o rei Afonso IX de Leão.
Aproveitando muito do seu prestígio peninsular pelas vitórias conseguidas sobre os almóadas no ano anterior, Sancho aproveita para negociar este casamento com o vizinho leonês, que nos séculos XII e XIII andaram associados a medidas diplomáticas de apaziguamento e estabilidade.

Neste caso concreto dever-se-ia ter atendido ao facto deste casamento ser proibido aos olhos da igreja, porque Teresa e Afonso IX era primos direitos. A história próxima já apontava um casamento identicamente proibido entre Fernando II e Urraca Afonso, que foram posteriormente dissolvido.

Porquê então cometer o mesmo erro ?

Parece que ao tempo a consideração das vantagem políticas no imediato, superava as eventuais contingências futuras.

Aliás este casamento foi apenas mais um elo numa cadeia bem urdida de casamentos gizados por D.Sancho I, utilizando a suas filhas e filhos numa teia de alianças, não se limitando a alianças com casas hispânicas, mas também para além dos Pirineus.