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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A morte de D.Sancho I


Nos últimos tempos de vida D.Sancho, alterou profundamente a sua postura no que ao relacionamento com outra pessoas dizia respeito.

Provavelmente o temor da morte provocou essa mudança, muito embora ao que parece tenha padecido de doença durante muito tempo, o pressentimento do seu fim deverá ter conduzido a alteração referida.


A energia e a desumanidade outrora revelada que levara por exemplo a mandar tirar os olhos aos parentes do bispo de Coimbra, que se recusaram a quebrar o interdito de que fora alvo, ou a prisão a que sujeitara os nobres que se lhe opunham, destruindo todos os seus bens, sem contemplações e que Inocêncio III, nas bulas de confirmação do testamento se referira à doença e aos padecimentos como castigo pelos muitos pecados que cometera.

Agora um homem piedoso e humilde dirigia-se aos seus súbditos, revelava-se desesperado pela recuperação da sua doença, num documento escrito em Alcobaça menos de um mês depois da feitura dos seu elaborado último testamento, referido no post anterior. Nesse documento pede aos seus súbditos de Lisboa, que orem por ele as santos da sua devoção.

Essa passagem por Alcobaça, inseriu-se no percurso da sua viagem para Santarém, onde ia em busca dos conselhos de afamados físicos , que por ali haviam ficado desde o tempo da dominação árabe e que mantinham enorme prestígio.


Porém já não sairia vivo de Santarém onde viria a morrer em data pouco explícita, atendendo à diversidade na menção pelas fontes, sendo que as mais credíveis apontam para os dias 29 ou 30 de Março de 1211, com 57 anos.

Alguns cronistas da época atestaram que D.Sancho I morrera de "melancolia", que contrariamente a conceitos mais modernos, no século XIII, subordinado à teoria dos humores de Hipócrates, definia-se melancólico como alguém que sofria de excesso de bílis negra, identificada como característico das pessoas com grandes picos variáveis entre a euforia e a depressão, o que hoje se consideraria um bipolar.


Fica apenas esta curiosidade, não havendo nada que confirme sequer a morte devida ao tal excesso de bílis negra.

Alguns autores referem que terá morrido em Coimbra, eventualmente devido ao facto de estar sepultado ali, junto ao túmulo de seu pai no Mosteiro de Santa Cruz, contudo parece-me mais credível a teoria da morte em Santarém, defendida pela Drª Maria João Violante Branco, atendendo à profusão de documentos assinados naquela cidade em datas bem próximas da sua morte