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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Novas invasões almóadas

  • Maio-Primeira Invasão almóada mal sucedida
Naturalmente que a perda de Silves nos ano anterior, constituiu um duro golpe para os almóadas, não só pelo abalo no prestígio dos seus chefes, mas também pela importância estratégica de Silves no tráfego no estreito de Gibraltar.

Tendo desembarcado em Tarifa em 23 de Abril desse ano, o califa depois de assegurar da lealdade dos seus vassalos, procura reunir as condições necessárias, para desencadear um ataque formal à praça de Silves que havia sido perdida.

A estratégia passava também pelo estabelecimento de tréguas com os outros reinos cristão peninsulares, por forma a poder centrar toda a sua atenção e disponibilidade de forças nos seu objectivo principal.


Assim foram estabelecidas tréguas com Afonso VIII de Castela e com o reino de Leão, com quem foram estabelecidas pelo menos por dois anos.

Naturalmente que a facilidade com que Al-Mansur consegue este seu intento é demonstrativo da força dos seus exércitos, mas também e mais uma vez a fragilidade do conflito religioso, pelo menos no que às convicções bélicas dizia respeito.


A D.Sancho contudo não restavam alternativas, tinha de o defrontar.


Em Maio é desencadeado um ataque em três frentes,

uma força atacava Silves directamente, apoiado pela frota almóada.


A força comandada pelo próprio califa, acampa nas margens do Tejo, algures entre Santarém e Torres Novas, numa estratégia clara de impedir apoio a Silves vindo do norte.

Um terceiro exército entra pelo Alentejo, atacando violentamente os campos em torno de Évora. Finda essa tarefa juntar-se-ia ao exércitos do califa e junto atacariam Torres Novas.

O ataque a Torres Novas foi conseguido mas muito embora tenham poupado a vida às populações estas foram completamente saqueadas.

Conforme o planeamento inicial seguiram então os dois exército ao ataque à praça de Tomar.


Como era hábito na Península Ibérica, os primeiros ataques, são aos arredores devastando e pilhando tudo, para espalhar o desânimo e cortar toda a possibilidade de reabastecimento da praça sitiada.

A realidade é que o intento da conquista não foi obtido, por um lado a inexpugnabilidade das muralhas de Tomar, recentemente edificadas, a resposta dos cavaleiros de Gualdim Pais, que defendiam o seu castelo, a escassez de alimentos e um providencial ataque de desinteria nas forças muçulmanas, acabou por decidir a sorte desta primeira campanha a favor dos portugueses.


Al-Mansur também atacado pela epidemia, manda levantar o cerco ao mesmo tempo que ordena que se faça o mesmo no cerco montado em Silves.


Yacub al-Mansur regressa a Sevilha, sem nenhum dos objectivo do ataque conseguidos, segundo as fontes árabes, não tão doente como poderia supor-se.

Embora derrotado, foi montado um grande cenário para a sua chegada, muito pouco para o balanço da conquista de Torres Novas que era apenas um pequeno passo para o grande objectivo, da tomada de Silves e de Tomar.


Gualdim Pais os seus Templários e a providencial desinteria terão repetido o que já em 1184 havia derrotado pai de Yacub ás portas de Santarém, que no rescaldo viria a morrer.


Outros acontecimentos em Portugal
  • Nascimento de D. Mafalda, 9º filho de D.Sancho I( por volta de 1190).Foi rainha de Castela em 1214, sem consumar o matrimónio com D. Henrique, filho do rei D. Afonso VIII, que faleceu de acidente em 1217. Freira em Arouca, morreu em Rio Tinto (Amarante) a 1 de Maio de 1256; beatificada por breve papal de 27 de Junho de 1793.
Relembrando que a bula Manifestis probatum est significou o reconhecimento pelo papa Alexandre III dando a D.Afonso Henriques o título de rei, declarando que o tomava a ele e aos seus herdeiros sob a protecção da Santa Sé, considerando Portugal como um reino pertencente a São Pedro e prometendo-lhe auxílio papal.

Reafirmando agora a seu filho, de novo, os privilégios concedidos em 1179.

Pouco depois da conquista de Silves, equivalia a reconfirmá-lo no trono, reconhecendo a sua valia como Rei.


Clemente III, reforçou assim a autoridade de D.Sancho juntos dos seus súbditos e o seu prestígio entre os seus pares.



domingo, 9 de dezembro de 2007

A conquista de Silves

  • Maio-Chega a Lisboa uma armada de cruzados da Dinamarca e Frísia que conquistam depois Alvor e Silves.
A caminho da Palestina, os cruzados da Escandinávia que chegaram a Lisboa, foram desafiados a participar, nesta "guerra santa" Peninsular ,a conquista das praças fortes do sul. Alvor parecia ser um alvo de fácil saque, satisfazendo os desejos de pilhagem, sem excessivo desgaste.

Após a conquista de Alvor e de terem chacinado toda a população, que segundo fontes da época, foi duma violência bárbara pouco consentânea com a natureza "cristã" desses cruzados.

Uma nova armada de cruzados chegada a Lisboa, foi igualmente aliciada a tomar parte da segunda iniciativa, desta feita mais difícil, a tomada de Silves.

Silves era uma praça muito importante, forte entreposto comercial e uma das mais conceituadas cidades almoádas, a capital da região oeste do Al-Andalus, conquista-la era abrir portas para a posse do Algarve.

Acertada a negociação da expedição com os cruzados, D.Sancho I, envia de imediato um exército destinado a uma primeira aproximação a Silves, para estudar as características da muralha e estabelecer a melhor estratégia de ataque.

Só os navios da esquadra dos cruzados alemães e flamengos eram 37, sendo os portugueses em numero indeterminado. Largaram de Lisboa a 16 de Julho e aportaram em frente a Portimão, 4 dias depois.

O cerco haveria de se prolongar e quando o rei D.Sancho chegou com grosso do seu exército, já havia sido repelido algumas tentativas de assalto ao castelo.

Reforçadas com a chegada de mais 40 navios portugueses que transportam máquinas de guerra, trouxeram um novo alento aos sitiantes.

Decisivo foi o ataque à couraça, que era a estrutura que protegia o depósito de água, que aconteceu em Agosto, cerca de dois meses depois da chegada a Portimão.

Uma vez conquistado o depósito da água que abastecia a cidade a sorte da conquista ficou definida.

Finalmente a 3 de Setembro o governador de Silves abandona a cidade, seguindo dum cortejo de habitantes debilitados, que deixavam na cidade todos os bens a haveres.

Foi assim que havia sido negociada a rendição e o saque, como era costume na época e que também tal como em Lisboa com seu pai, traria a Sancho alguma dificuldade em conciliar os interesse dos nobres portugueses com o dos cruzados.

Segundo os relatos dos cronistas do tempo, foi grande a confusão, entre a ganância dos cruzados "cristãos", que se apossaram de tudo, não querendo inclusivamente ceder a parte que aos portugueses dizia respeito, nem sequer respeitar a vida dos muçulmanos, em oposição à vontade de D.Sancho I, que ao contrário a pretendia manter, na tradição aliás dos reis peninsulares.

Naturalmente que para além do humanismo, que esta atitude poderia induzir também havia interesse em manter as vidas humanas, porque ao contrário dos cruzados que partiriam para outras terras no dia seguinte, para os que ficavam a vida continuava, tornando-se necessário que as pessoas continuassem.

D.Sancho ter-se-á enfurecido e expulsou os cruzados da cidade, obrigando-os a voltarem para os seus navios, de onde tinham partido, mas que só viriam a abandonar Silves no dia 20 de Setembro.

Enquanto isso, também Sancho, reorganiza a cidade, deixando-a nas mãos das ordens militares, consagrando a mesquita,´ como igreja no dia da Natividade de Santa Maria no dia 8 de Setembro.

Após esta conquista ficavam também sob o domínio português o conjunto de fortalezas subsidiárias de Silves e constituíam a sua linha defensiva : Sagres, Albufeira, Lagos, Alvor, Portimão, Monchique, Alferce, Carvoeiro, São Bartolomeu de Messines e Paderne.

  • Nascimento de D.Henrique 7 º filho de D.Sancho I, e morreu a 8 de Dezembro de ano incerto, ainda jovem.
  • O ataque leonês a Celorico da Beira, comprova que a área da encosta noroeste da Serra da Estrela era ainda no fim do século XII uma área instável do ponto de vista militar.