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sábado, 19 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1194

  • O edifício de Santos-o-Velho é concedido à Ordem de Santiago

A Ordem de Santiago desempenhou um papel activo na Reconquista cristã da Península, e concretamente na expulsão dos mouros do Algarve. A sua primeira sede em Portugal foi o Mosteiro de Santos-o-Velho, em Lisboa.

D. Sancho lega a igreja e as terras que a circundam à Ordem de Santiago de Espada que ali havia contruído alguns edifícios para a sua comunidade. À medida que a frente da reconquista se deslocava para o Sul, os cavaleiros da Ordem transferiam a sua sede para outro lado, para Alcácer-do-Sal e depois para Mértola.

O convento de Santos ficou então reservado às viúvas e às filhas dos cavaleiros de Santiago (que tinham a prerrogativa de poder casar). A mulher da mais alta nobreza encarregada de representar a comunidade foi chamada Comendadeira-mor.

A 5 de Setembro de 1490, as comendadeiras, levando consigo as relíquias dos três santos mártires, mudaram-se para um novo convento denominado Santos-o-Novo. O antigo mosteiro passou, então, a chamar-se Santos-o-Velho e foi alugado a Fernão Lourenço.

Com uma larga faixa de terreno na margem do Tejo e um local de atracagem privado, o sítio era ideal para a residência deste riquíssimo banqueiro e armador que foi um dos principais financiadores da aventura marítima portuguesa.

Nessa palácio está hoje instalada a embaixada de França

  • Naufrágio dum navio qe se dirigia a Bruges

Notícia de naufrágio de um navio português que se dirigia a Bruges, carregado de madeira, azeite e melaço. Confirma-se a intensidade das nossas relações comerciais com o norte da Europa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vasco Fernandes de Soverosa substituído como mordomo

Vasco Fernandes de Soverosa que descendia duma família com ligações quer a linhagens galegas que a linhagens tradicionais do Entre Douro e Minho como ilustra o seu casamento com uma filha do anterior mordomo de D. Afonso Henriques, Gonçalo Mendes de Sousa, seria agora substituido pelo seu cunhado Mem Gonçalves de Sousa.

Esta mudança no cargo mais importante da cúria, pressagiou que algo iria mal na corte. Não se sabendo o que teria acontecido a mudança evidencia um desentendimento sério entre os dois, sobretudo porque, quase de imediato Vasco Fernandes aparece referenciado quase de imediato da documentação da corte leonesa.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1209

  • O foral de Pinhel

À época da Reconquista cristã da península Ibérica, com a afirmação da nacionalidade portuguesa, D. Afonso Henriques procedeu ao repovoamento e reforço das defesas de Pinhel.

O seu sucessor, D. Sancho I deu prosseguimento a essa tarefa, outorgando Carta de Foral a Pinhel (1189 segundo alguns, 1209 segundo outros), de quando datará o início da construção do castelo medieval, concluído sob o reinado de D. Afonso II, que lhe passou novo foral em 1217.

Fomte Wikipédia

  • Nascimento do futuro rei D.Sancho II

D. Sancho II, quarto rei de Portugal, nasceu em Coimbra a 8 de Setembro 1209, filho do rei Afonso II de Portugal e de sua rainha Urraca de Castela. Sancho subiu ao trono em 1233 e foi sucedido pelo irmão Afonso III em 1248.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Acontecimentos no ano de 1197

  • Papa Celestino III autoriza o Rei de Portugal para conquistar território do Reino de Leão
Afonso VIII de Castela e os seus aliados, valendo-se da circunstância de se haver o rei de Leão confederado com os infiéis, alcançaram bulas de Celestino III em que o pontífice
excomungava Afonso IX de Leão e Pedro Fernandes por este criminoso procedimento, fazendo comuns aos que combatessem o príncipe leonês as indulgências concedidas aos que
guerreavam os muçulmanos em Espanha ou se alistavam para as cruzadas da Palestina.

Absolvia o papa, além disso, os súbditos daquele monarca, se persistisse em introduzir
os sarracenos nos seus domínios, da obediência que lhe era devida, e na bula
especialmente dirigida a Sancho I permitia a este que incorporasse na própria coroa tudo quanto pudesse tirar ao rei de Leão, fosse por que maneira fosse, sem que jamais ele tivesse direito a reivindicá-lo.

Assim, os reis de Castela, Portugal e Aragão obtinham contrapor à força material que dava ao seu adversário a temerosa aliança de Al-Manssor a força moral, porventura não menos eficaz, que lhes resultava das fulminantes declarações de Roma

Uma crónica daqueles tempos nos diz que em Fevereiro de 1196 o rei de Aragão viera a Coimbra para fazer pazes entre os cristãos. Terá sido Pedro II, então ainda infante, a visitar-nos, chamado dois meses depois ao trono por morte de Afonso II, falecido em Abril daquele ano, e a sua missão consistia provavelmente em unir o rei de Castela e o de Portugal, visto dever este separar-se do de Leão, com o qual se diz estivera até aí ligado contra Afonso VIII.

Sancho, saiu de novo de Coimbra para o Norte e foi cercar Tui, que se rendeu. Ou fosse efeito desta conquista ou da impressão que produziu a bula de Celestino, houve na Galiza quem quebrasse o preito de lealdade a Afonso IX e, se acreditarmos as crónicas nacionais, a invasão portuguesa estendeu-se muito além de Tui, submetendo-se, umas após outras, as vilas de Sampaio, Lobios e Pontevedra.

terça-feira, 22 de março de 2011

Nascimento de Fernando de Bulhões

Nascimento em Lisboa de Fernando de Bulhões, mais tarde conhecido como Santo António de Lisboa. Nascido numa família de mercadores ingressa na vida religiosa em São Vicente de Fora, e vai depois para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde é ordenado sacerdote

Em 1220 torna-se frade franciscano no Eremitério de Santo Antão dos Olivais, de Coimbra. Conquistado pela missionação, vai a Marrocos em missão apostólica e, depois, parte para Itália.

São Francisco convoca-o, em 1221, para o Capítulo Geral da ordem, ali revela os seus talentos de orador a pregar perante os seus confrades e cativa São Francisco que o convida a ensinar Teologia nas escolas franciscanas de Bolonha, Montpellier e Toulouse.

Em 1227 é nomeado ministro provincial no Norte de Itália, em Pádua prossegue a sua carreira de professor de Teologia, morre nesta cidade em 1231. É proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII, em 1946, que o considera «exímio teólogo e insigne mestre em matérias de ascética e mística

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O nascimento das gémeas Branca e Berengária

Por volta do ano de 1192 nasceram os últimos filhos de D.Dulce de Aragão, cujo parto supõem-se tenha estado na origem do falecimento da Raínha algum tempo depois.

Tratou-se do parto de D.Branca e D.Berengária.

Em criança terão passado parte de sua infância em Coimbra, na corte de seu pai, que já vivia nessa altura com Maria Pais Ribeira, a bela Ribeirinha.

Entre os 8 e os 10 anos foram, por ordem papal, enviadas para o Mosteiro do Lorvão, onde já se encontravam as restantes irmãs tuteladas pela irmã mais velha Teresa.

Branca professou em Guadalajara e viria a favorcer os dominicanos, especialmente os de Coimbra, vindo a fundar o Mosteiro de S.Domingos, juntamente com sua irmã Teresa.

Viria a falecer por volta de 1240 e está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.

Berengária depois da morte de seu pai acabaria por viajar até Flandres onde vivia a sua tia Teresa e talvez por influência dela tenha vindo a casar com Valdemar rei da Dinamarca, viúvo e apenas com um filho. Dela esperava-se tanta fertilidade como a de sua mãe e não veio a desiludir pois nos 7 anos de casada, veio a dar à luz 4 filhos, mas cujo crescimento não acompanhou pois viria a falecer em 1221 com pouco mais de 20 anos.

O seu casamento com Valdemar tinha acontecido em Ripen na Dinamarca em 1214.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Acontecimentos no ano de 1196



  • Tratado do aliança com Castela e Aragão
A celebração do tratado de aliança com Afonso VIII de Castela, Afonso II de Aragão , enquadra-se no âmbito da guerra que o opunha ao seu genro rei de Leão e que lhe valeu a outorga pela papa e aos seus exércitos das mesmas indulgências pela Santa Sé aos que combatiam os infiéis.

O belicoso Afonso IX terá sido a causa deste entendimento, entre os outros Reis ibéricos, porque já desde a batalha de Alarcos no ano anterior e ao entendimento entre Afonso IX e os almoadas, este pretende conquistar Castela o que lhe valerá a excomunhão ea razão de ser das indulgências concedidas.

Nem a morte de Afonso II em Abril deste ano alterou este quadro de entendimento, continuado pelo seu sucessor Pedro II.

  • A separação de D.Teresa e Afonso IX de Leão
Aquilo que em 1191 parecia um boa jogada diplomática, refiro o casamento com a sua filha mais velha D.Teresa com Afonso IX de Leão.

Assim 3 meses depois do casamento em 15 de Fevereiro de 1191, Sancho I participa como membro integrante do pacto de Huesca, segundo o qual os Reis de Portugal, Aragão e Leão se comprometem em ajuda mutua contra o rei de Castela.

Isto depois da perca de Silves e do consequente recuo de fronteiras parecia um bom arranjo casamenteiro.

Nunca tal auxilio aconteceu durante os ataques sofridos pelos almoadas e muito embora a liga de Huesca apenas se fizesse sentir contra Castela a neutralidade de Leão não foi bem acolhida na corte portuguesa.

Por outro lado Castelo defende-se pela diplomacia iniciando junto de Roma, a batalha pela anulação do casamento entre Teresa e Afonso IX, clamando pela incestualidade do mesmo.

Assim aconteceu no concílio de Salamanca em 1192 é decretada a separação pelos motivos apontados. Muito embora de início não fosse atendida esse decreto, o desenvolvimento da estratégia política começa por esboçar essa possibilidade referida como base de entendimento entre Castela e Leão.

Porém a agressiva presença almoada como atrás referi, levaram à mudança da estratégia leonesa que prefere a conciliação com os almoadas, como acima referi.

O certo é que em 1196 Afonso IX acaba por repudiar D.Teresa que regressou então a Portugal, ao Lorvão, onde viria a fundar um convento beneditino (na foto) ao qual se recolheu; pouco tempo mais tarde, transformando o mosteiro em abadia cisterciense, com mais de trezentas freiras.

Aí morreu em 18 de Junho de 1250 de causas naturais.

A 13 de Dezembro de 1705 Teresa foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Sancha.

É festejada pela Igreja Católica a 17 de Junho.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1195

  • Derradeiro ataque mouro a Leiria
Data de 1142 a conquista de Leiria ainda por D.Afonso Henriques, mas só 50 anos depois foi a fortaleza mandada reconstruir por D. Sancho, que lhe atribui novo foral foral em 1195, embora neste mesmo ano ainda se tenham verificado o derradeiro ataque dos muçulmanos.

  • Morte de Gualdim Pais
O sexto grão-mestre dos Templários, morreu em Tomar em 13 de Outubro, com 77 anos.
Foi companheiro de infância de D.Afonso Henriques, que o terá armado cavaleiro em Ourique.
Voltou Templário da Palestina onde combateu durante 5 anos, tendo sido também nomeado comendador de Sintra e de Braga.
Era grão-mestre desta ordem desde 1157 e três anos depois deu início à construção do castelo de Tomar, onde ficou a sede da ordem.
Os seus conhecimentos foram igualmente utilizados na construção dos castelos de Almourol,Ceres,Idanha, Monsanto e Pombal.
A sua bravura ficou assinalada pela forma como organizou a defesa e a derrota infligida aos muçulmanos quando do ataque a Tomar em 1190

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Acontecimento no ano de 1194

  • Doação a ordem dos Hospitalários das terras da margem direita do Tejo-Guidintesta-Castelo Belver
A necessidade sentida de assegurar que as arremetidas dos sarracenos na fronteira sul do território não afectassem as povoações de "aquém Tejo" anteriormente conquistadas e herdadas de seu pai D. Afonso Henriques e, por outro lado, de continuar a reconquista aumentando o reino.

As consequências desastrosas da invasão em 1190 fez recuar a fronteira meridional até à Linha do Tejo, com excepção de Évora. Este castelo estava inserido na linha defensiva do Tejo contra as investidas muçulmanas, desempenhando um papel importante neste contexto

À Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém, na pessoa do seu Prior Afonso Paes, D. Sancho I faz doação das "Terras de Guidintesta", em 13 de Junho de 1194, concedendo-lhe que edificasse um Castelo a que o próprio doador impôs que se desse o nome de Belver por considerar o local formosíssimo.

Julga-se que o castelo terá sido ocupado pelos cavaleiros da Ordem antes mesmo da sua conclusão, em 1212.


Créditos : O Historiador do GTL Belver Dr. Luís Filipe Dias

  • Doação à Ordem de Santiago (espatários) o edifício de Santos-o-Velho, junto a Lisboa.
Esta propriedade da herança pessoal do rei D.Sancho era constituída por uma herdade com casa e mandada construir por D.Afonso Henriques em memória de três pequenos mártires Veríssimo, Máximo e Júlia, cuja relíquias eram ali guardadas.
Esta propriedade viria a servir de Mosteiro à Ordem e aos seus frades e mais tarde paço real de D.Manuel I é agora o palácio da embaixada francesa

  • Concedido foral a Pontével
A fundação de Pontével é muito antiga, anterior á da nacionalidade, começa a constar na documentação régia logo a partir de Dom Afonso Henriques, mas, sobretudo, de Dom Sancho I, que lhe concede o primeiro foral, mais tarde confirmado por Dom Afonso II.

Assegurar o povoamento de zonas limítrofes de posições importantes, como era o caso de Pontével relativamente a Santarém.

Daí que o Rei doasse estas terras aos Francos de Vila Verde,.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Outros acontecimentos em 1192


  • Setembro,14-Concessão duma importância de 400 morabitinos a Santa Cruz de Coimbra para bolsa de estudo em França.
Desde o princípio da nacionalidade que Portugal se relacionava culturalmente com escolas europeia devido á influência de Cluny e ao papel fundamental da Igreja nas trocas de ideias e conhecimentos entre pessoas.

O aparecimento de universidades faz de Bolonha desde 1140 um grande centro de Direito Romano e de Paris desde 1170 o mais importante centro para o estudo de Teologia e de Artes.

Está documentada essa doação por carta de D.Sancho I ao referido mosteiro para subsidiar os seus cónegos nos seus estudo nos Estudo Geral de Paris.

  • Concessão do foral a Penacova

O foral da Vila, foi concedido por D. Sancho I em 1192, (segundo diz Pinho Leal). Podendo-se afirmar, sem exagero, que é o documento mais importante da história de Penacova.

Como se sabe, os forais daquele tempo eram cartas nas quais o rei ou os senhores muito poderosos indicavam normas que regiam a justiça e a vida social das povoações que lhes pertenciam, além de concederem sempre, amplos privilégios e garantias aos moradores.

Assim se conseguia que as famílias se unissem e prendessem a determinada povoação, fixando residência e colaborando na sua defesa e progresso. E foi graças ao foral que Penacova cresceu, nesses tempos difíceis, porque antes, em data imprecisa mas situada na segunda metade do século XII, todos os antigos habitantes abandonavam a terra.

Não conhecemos as razões mas sabemos que foi isso que levou D. Sancho a conceder o foral.

Pero Pais da Maia regressa a Portugal

O cargo de alferes-mor, era na estrutura organizativa medieval, talvez o lugar mais importante, pelo menos no que à estrutura militar diz respeito. Na condução dos exércitos a sua responsabilidade situa-se imediatamente a seguir ao próprio rei.

É um lugar de extrema confiança e até 1169 e há mais de 20 anos, foi desempenhado por Pêro Pais da Maia, mas depois do desastre de Badajoz, naquela data, deixou de figurar na documentação régia de D.Afonso Henriques, para começar quase de imediato a aparecer na da corte de Leão.

Tal facto demonstrou com clareza que houve um desentendimento entre o rei e o seu alferes, em clara responsabilização a esse seu alferes pela ocorrência nefasta, como aliás se descreve neste post.

Note-se que o substituto de Pêro Pais da Maia, fora Fernando Afonso, meio irmão de D.Sancho I e curiosamente também de Pêro Pais da Maia, explicando melhor Fernando Afonso e era filho de D.Afonso Henriques e Chamôa Gomes. Pêro Pais da Maia, filho desta última e de Paio Soares Capata (da família da Maia) e o rei D.Sancho como já foi dito filho de D.Afonso Henriques e de D.Mafalda.

Ora Sancho não deve ter apreciado esta nomeação de seu pai, bem como a nobreza tradicional, que esperava a nomeação nas fileiras das suas casa senhoriais e não num filho bastardo do rei. Não há dados sobre as relações entre os dois irmãos, separados por cerca de 15 anos de diferença.

Fazendo jus aos seus reconhecidos dotes estratégicos, D.Afonso Henriques, contudo, também nomeou um alferes para o jovem herdeiro Sancho, que muito embora hierarquicamente fosse "inferior" ao alferes do Rei, o facto é que até ao fim da vida de D.Afonso Henriques coexistiram os dois alferes.

Na altura em que D.Sancho assume o poder o alferes do reino era Pedro Afonso que se manteve nesse cargo até Dezembro de 1189. Pêro Pais da Maia, regressa a Portugal, depois da morte de D.Afonso Henriques, aparentemente por ter cessado a má vontade e as críticas que Afonso Henriques lhe imputava

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A morte de D.Sancho I


Nos últimos tempos de vida D.Sancho, alterou profundamente a sua postura no que ao relacionamento com outra pessoas dizia respeito.

Provavelmente o temor da morte provocou essa mudança, muito embora ao que parece tenha padecido de doença durante muito tempo, o pressentimento do seu fim deverá ter conduzido a alteração referida.


A energia e a desumanidade outrora revelada que levara por exemplo a mandar tirar os olhos aos parentes do bispo de Coimbra, que se recusaram a quebrar o interdito de que fora alvo, ou a prisão a que sujeitara os nobres que se lhe opunham, destruindo todos os seus bens, sem contemplações e que Inocêncio III, nas bulas de confirmação do testamento se referira à doença e aos padecimentos como castigo pelos muitos pecados que cometera.

Agora um homem piedoso e humilde dirigia-se aos seus súbditos, revelava-se desesperado pela recuperação da sua doença, num documento escrito em Alcobaça menos de um mês depois da feitura dos seu elaborado último testamento, referido no post anterior. Nesse documento pede aos seus súbditos de Lisboa, que orem por ele as santos da sua devoção.

Essa passagem por Alcobaça, inseriu-se no percurso da sua viagem para Santarém, onde ia em busca dos conselhos de afamados físicos , que por ali haviam ficado desde o tempo da dominação árabe e que mantinham enorme prestígio.


Porém já não sairia vivo de Santarém onde viria a morrer em data pouco explícita, atendendo à diversidade na menção pelas fontes, sendo que as mais credíveis apontam para os dias 29 ou 30 de Março de 1211, com 57 anos.

Alguns cronistas da época atestaram que D.Sancho I morrera de "melancolia", que contrariamente a conceitos mais modernos, no século XIII, subordinado à teoria dos humores de Hipócrates, definia-se melancólico como alguém que sofria de excesso de bílis negra, identificada como característico das pessoas com grandes picos variáveis entre a euforia e a depressão, o que hoje se consideraria um bipolar.


Fica apenas esta curiosidade, não havendo nada que confirme sequer a morte devida ao tal excesso de bílis negra.

Alguns autores referem que terá morrido em Coimbra, eventualmente devido ao facto de estar sepultado ali, junto ao túmulo de seu pai no Mosteiro de Santa Cruz, contudo parece-me mais credível a teoria da morte em Santarém, defendida pela Drª Maria João Violante Branco, atendendo à profusão de documentos assinados naquela cidade em datas bem próximas da sua morte

domingo, 24 de agosto de 2008

Os últimos testamentos reais

Durante toda a sua vida D.Sancho I fez 3 testamentos, o primeiro deles em 1188 tinha o seu filho Afonso 3 anos, perfeitamente justificado atendendo aos tempos conturbados por acção militar então vividos, para assegurar a sucessão de todo o reino, para que tudo permanecer em paz e tranquilidade, porque nesses tempos não era um princípio universalmente aceite, que o primogénito herdasse a coroa e muito menos "todo o Reino".

No segundo a ideia é reafirmada, ainda com os mesmo objectivos.

No terceiro testamento redigido em Coimbra em Outubro de 1210, a diferença consiste na obrigação de compromisso do herdeiro Afonso, sobre a forma de juramento em cumprir, "todas as coisas nele estipulados e velar por elas".

O facto de apenas 2 meses depois deste documento, por certo não confiando por inteiro na palavra do herdeiro, reforça esse compromisso nomeando garantes desse cumprimento várias personalidades, onde se destacam entre outros o arcebispo de Braga, o mestre dos Templários prior de Santa Cruz de Coimbra, o seu próprio bastardo Pedro Afonso, entre outros.

Também alguns castelos ficaram como penhor e que apenas seriam entregues ao jovem herdeiro no caso de cumprimento testamentário, arrematando tudo isto com um pedido feito ao papa Inocêncio III para que aprovasse o testamento.

A prova de desconfiança no herdeiro era absoluta, mas por certo a D.Sancho I, não passaria pela cabeça que o seu cumprimento se não concretizasse.

O dispersar da fortuna real era enorme, tão grande como a quantidade de herdeiros, já que só em filhos legítimos e bastardos chegou a 19, embora alguns lhe não sobreviveram. Já no segundo testamento havia contemplado algumas das suas amantes, como Maria Aires de Fornelos e Maria Pais Ribeira, a Ribeirinha a quem por exemplo couberam os senhorios de Vila do Conde,Parada, Pousadela e Pereiró.

O Papa bem como muitos mosteiros igrejas e Sés, também foram contemplados, o que também não deixaria de satisfazer a cúria romana.

Enfim, muita gente contemplada e satisfeita, menos o príncipe herdeiro, que para além da coroa e 200 maravedis mais todas as suas armas, dois anéis usados por D.Afonso Henriques e cinco cavalos, mais nada lhe restava, da larga fortuna acumulada pela coroa portuguesa.

Na altura, o direito visigótico ainda respeitado, já impunha restrições a este desbaratar dos bens da coroa em prejuízo do herdeiro, facto este de extrema importância e que irá marcar todo o reinado de D.Afonso II

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O casamento do infante acentua as discórdias

Aparentemente o início das quezilias entre D.Sancho I e o bispo do Porto D. Martinho Rodrigues, teria sido a oposição que esse Bispo fizera, ao casamento do infante D.Afonso com D.Urraca filha de Afonso VIII rei de Castela. Considerando que os noivos eram parentes, recusou-se a participar nas cerimónias e a recebê-los na cidade do Porto, provocando deste modo uma grave ofensa ao rei.

Custa a querer que o usual casamento na época entre parentes próximos, fosse só por si motivação para incidentes graves e ofensas tão deliberadas.

Como nunca se colocou a questão da separação entre o casal nem antes nem depois do casamento não é considerar que este facto seja o fundamento primeiro para o conflito.

Este casamento foi no mínimo uma surpresa e um contra-senso quer para o clero, quer para a nobreza portuguesa do Entre Douro e Minho a quem convinha mais uma ligação mais próxima com a habitual casa vizinha de Leão, do que com a coroa de Castela.

A data deste casamento ocorreu por certo em 1208, já que a primeira referência encontrada na documentação de Sancho I, data de Fevereiro de 1209, onde o nome de Urraca aparece com a indicação de regina, logo após o nome do seu sogro e do marido. assim aparecendo sempre até ao final do reinado de Sancho I.


quinta-feira, 19 de junho de 2008

A morte de Fernando Afonso-Início duma longa crise

Os últimos anos do governo de D.Sancho I, não foram uns anos felizes, pelo contrário, marcados por inúmeros acontecimentos nefastos, incluídos num triângulo nefasto, más condições atmosféricas, más colheitas, fome e peste, agudizavam o que já não era propício a uma clima tranquilo, as tramas e conflitos políticos, por várias razões proveniente de conflitos de interesses, incluindo com a Igreja, como iremos ver adiante.

Problemas com a nobreza e com os eclesiásticos, não foram "descobertas" por D.Sancho, já vinham de longe e resultavam sempre que os reis ousam afirmar o seu poder. Não nasceram neste tempo, nem serão agora resolvidas, permanecerão no tempo dos seus filho e do seu neto.

Desde sempre a sombra de Fernando Afonso, irmão mais velho do rei, primeiro filho bastardo de D.Afonso Henriques com Chamoa Gomes. Sombra que pairara ao nível da própria sucessão, no tempo em que D:Afonso o chamaria para alferes-mor, mas que viria a afastar mais tarde da sua sucessão,.

Nos últimos tempos parece que essa sombra terá voltado a pairar, já que no ano de 1206, ao regressar a Portugal, depois de ter apresentado a sua demissão de grão-mestre da Ordem do Hospital por divergências com outros cavaleiros dessa Ordem. Rezam os cronistas do tempo que Fernando Afonso terá sido envenenado pelo caminho "por gente sua", ao que parece os freires de Úcles em Évora em 20 de Fevereiro de 1207

A historiadora Maria João Branco propõe que se deva encarar este regresso a casa de Fernando Afonso como uma primeira reacção ao agravamento da doença de Sancho (realmente nada lhe corria bem ) e ao papel proeminente que estava a ser dado ao filho Afonso primogénito. Talvez Fernando Afonso tenha considerado ter chegado a hora de fazer valer os seus direitos.

Tornara-se urgente pois o seu desaparecimento, facilmente dada a proximidade do rei quer com os referidos cavaleiro e Évora ou os do Hospital, seus apoiantes, poderem ter consumado o conveniente desaparecimento de Fernando Afonso.

Este foi pois o primeiro episódio duma conjunto de conflitos que se arrastariam até à morte do rei

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Acontecimentos no ano de 1202

Na Idade Média as epidemias e as fomes eram as principais causas de mortalidade em Portugal, que por sua vez estavam associados não só aos efeitos das devastações motivadas pela guerra, mas também aos efeitos da irregularidade climatérica, os invernos muito rigorosos, assim como os anos de seca provocavam naturalmente a escassez de alimentos, afectando, em primeiro lugar, os mais necessitados.

Associada à fome vinham as epidemias. Na última década do século XII aconteceram anos bastante trágicos por toda a Europa ocidental, dando origem às fomes de 1194 e de 1198.

As crónicas portuguesas são bastante omissas no que diz respeito a informações climatéricas, mas os anos de 1199 e 1200 parecem ter sido bastante pluviosos, não se obtendo boas colheitas, levando à escassez de cereais no reino, seguindo-se, depois as fomes, segundo rezam as crónicas, a habitual peste, no ano de 1202.

A assistência durante a epidemia de 1202 é relatada nestes termos: “Porém aonde se mais esmerou, e melhor se deixou ver a grande charidade dos Conegos de S. Cruz pera com os pobres, foi no tempo das fomes, e pestes, que houve neste Reyno, acudindo a curar os inficionados da peste, não só com temporaes medicinas, mas com as espirituaes dos Sacramentos da Confissão, e Sagrada Comunhão, morrendo muitos dos ditos Conegos nesta santa empreza. E consta das memorias do Cartorio do dito Mosteiro de S. Cruz, que naquella geral fome, e peste que houve neste Reyno pellos annos 1202 reynando EI-Rey D. Sancho I morreram trinta e tres Conegos do mesmo Mosteiro de S. Cruz,curando aos feridos da peste, e ministrando-lhes os sacramentos

Segundo a Chronica da Ordem dos Cónegos Regrantes do
Patriarcha J. Agostinho

Acontecimentos fora de Portugal

4ª Cruzada

  • Verão-Os cruzados chegam a Veneza. Os combatentes e o dinheiro não são suficientes para cumprir o tratado acordado no ano anterior. O doge veneziano Enrico Dándolo propõe a tomada da cidade de Zara, como pagamento do transporte dos cruzados.
A rica cidade italiana exigiu 85.000 marcos de prata para transportar os cruzados.

Como não se conseguiu a quantia pedida, foi proposto um acordo pelos venezianos, no qual os cruzados os ajudariam a tomar a cidade de Zara (hoje Zadar - Iuguslávia), no Adriático, cuja prosperidade preocupava seriamente Veneza.

Contra a opinião do Papa, o acordo foi feito e Zara saqueada. Em seguida os venezianos sugeriram um ataque a Constantinopla, pois não lhes interessava uma guerra contra os muçulmanos com os quais comerciavam intensamente.

  • Novembro-Conquista e pilhagem de Zara na costa ocidental dos Balcãs, na Dalmácia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Concedido foral a Sesimbra(1201)



O Castelo, a mais antiga fortaleza de Sesimbra, está implantado no topo de um morro a norte da Vila, dominando toda a baía.

Esta notável obra militar dos Sarracenos, não disponibilizou até hoje nenhum artefacto que a permitisse datar a época da se sua edificação, só foram encontrados, neste morro alguns materiais pré-históricos e proto-históricos indicando a existência de ocupação anterior do mesmo.


Foi conquistado aos Mouros em 21 de Fevereiro de 1165, por D. Afonso Henriques e abandonado em Junho de 1189, devido á investida do Califado Almoada do Mirambolim Iacube então rei de Sevilha, que reconquistou Alcácer do Sal e prosseguindo até Sesimbra atacou o Castelo destruindo toda a sua estrutura defensiva até aos alicerces.

Só em 1200 foi possível ocorrer a tomada definitiva de Sesimbra, com a ajuda militar dos Cruzados Francos. O Monarca ordenou então a reconstrução desta praça forte, tendo-se destacado os amigos de D. Guilherme de Flandres, que se ofereceram para povoar e defender esta importante zona do litoral.

O novo Castelo delimitado pela antiga Alcáçova foi construído de acordo com as recentes técnicas militares do Gótico, tendo por ex-libris a torre de menagem ligada á muralha que passou a envolver a vila de então, tendo D. Sancho I atribuído o 1º Foral de Sesimbra em Agosto de 1201, confirmado em 1218 por D. Afonso II.

Créditos: Sesimbra-património

  • Abril,17-Bula religiosum Vitae-Inocêncio III decreta tomar os monges de Évora sob sua protecção.
Os freires da Ordem de Évora são detentores de vasto património, e o papa Inocêncio III, através da bula Religiosum vitae (17.04.1201), declara toma-los sob sua protecção.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Benavente é povoada pela Ordem de Calatrava

Em 1199, a fixação de colonos estrangeiros na margem sul do Tejo, conduziu ao surgimento da povoação de Benavente. Situada nos limites do Castelo de Coruche, subordinado à Ordem de Calatrava, foi constituída sob a égide e senhorio desta Ordem Militar.

Neste facto, se tem também associado o nome da povoação, sabido que à mesma Ordem pertencia também o Castelo de Benavente, no Reino de Leão.

Benavente, situada entre Santarém e Lisboa, é delimitada pelo rio Sorraia, um dos principais afluentes do Tejo e foi o segundo concelho instituído ao sul deste rio.

Tem foral antigo, dado por D. Paio, ou Pelágio, mestre da Ordem Militar de Évora, em 25 de Março de 1200 e confirmado em Santarém em 1218 por D. Sancho I. D. Manuel concede-lhe foral novo em 16 de Janeiro de 1516.

Além disso recebeu privilégios de vários monarcas, especialmente de D. Dinis e D. Fernando.
Benavente, permite definir um centro histórico consolidado, uma vez que toda a área se encontra bem delimitada pelo rio Sorraia, a nascente e pela designada lezíria dos cavalos, na face poente.
Créditos : Câmara Municipal de Benavente

terça-feira, 4 de março de 2008

Acontecimentos no ano de 1199


  • Escaramuças com Afonso IX

O casamento em 1197 entre Afonso IX de Leão com Berengária de Castela libertou o rei leonês de preocupações bélicas com esse reino ao mesmo tempo que lhe permitiu virar as suas atenções para terras do seu ex-sogro Sancho I.

Muitas escaramuças aconteceram nomeadamente na zona de Trás-os Montes e nas Beiras. Foram inúmeras mas infelizmente mal documentadas, mas tendo ainda como pano de fundo para esse conflitos o dote de Teresa Sanches.

Em 1199 é facto confirmado escaramuças na zona de Pinhel, em Ervas Tenras, ainda hoje a mais pequena freguesia do concelho de Pinhel, que entrou na História por essa batalha pela morte nela de cavaleiros dos mais ilustres de Portugal.

Para além das questões militares propriamente ditas, que assolavam a Península, também outras questões não menos graves geravam preocupação ao Vaticano. O litígio entre Braga e Compostela e o bispo de Coimbra e Santa Cruz continuavam longe de acalmar.

Em Março de 1199, Inocêncio III, lança sobre Afonso IX uma dura sentença, relacionada com o seu novo casamento incestuoso o que diga-se era difícil de não acontecer com matrimónios entre reinos Peninsulares dada a proximidade que dum modo ou outro sempre acontecia.

  • Novembro,26-Atribuição do foral a Guarda
O rio Côa parecia demarcar-se como a fronteira política entre os reinos de Leão e Portugal, mas a ocupação da sua margem ocidental era muito menos significativa, apesar dos esforços dos cavaleiros de S. Julião de Pereiro e do mosteiro cisterciense de Santa Maria de Aguiar.

Sancho I procura resolver o problema. Promove então uma decidida acção de repovoamento e organização social do território, primeiro a partir da Guarda, a que entrega foral em 1199, e depois eleva a bispado com a transferência da diocese egitaniense para este centro urbano, e poucos anos depois com a criação do concelho de Pinhel, em 1209, que directamente afronta o de Castelo Rodrigo.

  • Chegada a Portugal uma embaixada inglesa para pedir a mão de uma infanta portuguesa, para casar com o rei João sem Terra.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1198

  • Relações estragadas com a Santa Sé
No ainda curto reinado de Sancho I, até à morte de Celestino III em Janeiro do ano de 1198, se pode dizer que a coexistência com os 3 Papas que conhecera até então, tivesse havido qualquer tipo de querela, bem pelo contrário, como anteriormente se mostrou.

Celestino II até o havia louvado pelo apoios e privilégio que Sancho dera ao Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra e como se viu no post anterior o tinha favorecido com uma bula de cruzada na sua luta contra Afonso IX de Leão aliado dos "infiéis".
(
Inocêncio III)

Contudo por certo que o Papa, não ignorava que Sancho exorbitava internamente, nas suas relações com eclesiásticos, consagrando bispos a seu belo prazer ao mesmo tempo que interferia nas eternas questões que já herdara de seu pai entre Braga e Compostela bem como Santa Cruz e a Sé de Coimbra.

Digamos então que a situação política que se vivia da Península, condicionava a actuação desses Papas seus contemporâneos facilitando-lhes o desvio da atenção para outras questões prioritárias.


A ascensão de Inocêncio III à cadeira papal em 22 de Fevereiro de 1198, veio contudo modificar esse panorama, assumindo contornos opostos.


Giovanni Lotario di Segni era um cardeal oriundo dos arredores de Roma, de famílias abastadas de origem germânica, foi sempre um ortodoxo, um homem de rigor , mas sobretudo muito vigoroso que a sua eleição para Papa aos 37 anos deixariam antever.

Dedicou o seu pontificado à reforma moral da Igreja, à luta contra os heréticos e os infiéis, à afirmação dos ideais teocráticos, tendo pregado a 4ª cruzada e a falhada cruzada contra os cátaros.

Este rigor tornou-se extensivo à coroa portuguesa, de tal modo que a primeira missiva que enviou a Sancho, foi para lhe lembrar que desde a bula de Alexandre III datada de há 20 anos atrás, nunca mais Portugal se havia preocupado em pagar o censo acordado com a Santa Sé.


Sancho terá respondido que anteriormente havia enviado uma grande quantidade de dinheiro, que daria para pagar 10 anos de contribuição, mas o Papa respondeu-lhe que essa tinha sido uma contribuição extraordinária, que não invalidava a obrigação do pagamento anual.


Tinham então sido estragadas as relações com a Santa Sé, com tal início de pontificado que ainda por cima ia ser bem longo, desalinhado em longevidade, com o que havia acontecido nos 3 últimos "papados".

Muito embora apó o pagamento do senso devido ao Papa este tenha em Dezembro de 1198, enviado uma carta de protecção como sinal de recebimento.

O certo é que os restantes litígios internos acima referidos, que chegaram ao conhecimento do Papa, iriam dar continuidade à má relação como veremos de seguida.

  • Morte da Rainha D.Dulce, vitima de peste.Morreu em Coimbra e está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz.

  • Combates fronteiriços contra os Leoneses nas regiões da Beira Alta e Trás-os-Montes, onde perderam a vida alguns dos mais importantes membros da nobreza portuguesa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Novas incursões na Galiza

Contrariando o acordo de Toredehumus de mutuo auxilio elaborado em 1194, entre Leão e Castela, logo em 1195, na sequência duma ofensiva almóada pela Andaluzia, numa batalha em Alarcos no dia 18 de Julho, o rei leonês não cumpriu o seu compromisso com Castela.

Mais do que isso aliou-se a Yacub al-Mansur e ao rei de Navarra, assumindo abertamente contra o Afonso VIII de Castela.

Essa atitude de Afonso IX, favoreceu os interesses de Sancho I, nas suas difíceis relações com o seu ex-genro, melhorando em contrapartida as que tinha com Castela e com o seu cunhado aragonês.

Desenhava-se nova guerra entre os reinos cristãos na Península, que diga-se viria favorecer sobretudo os interesses almóadas. Afonso II de Aragão terá por essa altura vindo a Coimbra apaziguar diferenças para evitar essa contenda, o que não sería de todo conseguida também porue morrereria em Abril de 1196

Naturalmente o papa não podia dar guarida a esta atitude do rei de Leão, que foi excomungado pelo papa Celestino III e aproveitada por Sancho para pedir em logo em Fevereiro de 1197 que fosse concedida uma bula com indulgências de cruzada para quem combater Afonso IX de Leão que de novo o papa concede, logo em Abril desse mesmo ano.

Esse facto e o prosseguimento das contendas entre Leão e Castela, envolvendo os respectivos aliados, veio proporcionar aos portugueses uma nova entrada na Galiza. território leonês como se sabe, tomando na Primavera de 1197, Pontevedra e Tuy, bem escudado na bula de Celestino III.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Esboço duma nova guerra com Leão

Só neste ano de 1194 afinal viria a concretizar-se a separação entre o rei Leonês Afonso IX e a filha de Sancho I, Teresa porque as condições na Península se tinha alterado e um aproximação a Castela, adquiria para Leão uma nova e atraente perspectiva.

A ofensiva almóada na Península, veio alertar todos os reinos cristão para a possibilidade de serem atacados

Ao contrário do sogro Afonso IX, mandou o seus enviados a Marraquexe para tratar de organizar tréguas com o califa por cinco anos, ao mesmo tempo que se aproximava do seu rival de Castela, afinal o único que mantinha nessa altura uma atitude expansionista e agressiva contra os almóadas, por toda a Andaluzia.

Essa aliança chegou em Abril, pelo Tratado de Tordehumus promovida pelo cardeal Gregório, o mesmo que veio a determinar a efectiva separação entre Teresa e Afonso IX.

As cláusulas da separação dos bens do casal deixavam Portugal, numa situação de inferioridade, reconhecia-se o direito à posse dos castelos de D.Teresa, mas obrigavam o Rei a praticamente prescindir deles, sob pena de Leão entrar em guerra.

O clima era tenso e prefigurava um tempo de guerra que não viria contudo a acontecer, pela pouca consistência do Tratado de Tordehumus , entre as duas referidas coroas Penínsulares e pelo papel sempre presente da acção almóada bastante agressiva. como se verá brevemente.



sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Mais um casamento anulado


O casamento de Teresa Sanches com Afonso IX de Leão a que deve juntar-se é preciso não esquecer o casamento de Sancho I com Dulce Aragão, concilia interesses entre os reinos de Portugal de Leão e de Aragão, o que equivalia a dizer-se que estava selado um aliança contra Castela.

Pelo menos deve ter sido esse o entendimento que Afonso VIII e os seus conselheiros terão tido desse casamento. ao pedir à cúria romana que o casamento fosse declarado nulo.

Realmente o seu parentesco era demasiado próximo, primos direitos, e a sentença foi dada pelo cardeal Guilherme de Santo Ângelo, legado papal de Celestino III ao Concílio de Salamanca.

O casal todavia não acatou essa ordem continuando a coabitar, sem obedecer às censuras de excomunhão e interdito sobre ambos e sobre os respectivos reinos.

A separação só viria a consumar-se 3 ou 4 anos depois.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Segunda invasão almóada

Depois do malogro da invasão do ano anterior, como seria de adivinhar o califa volta ao ataque, Começando mais cedo logo em Abril, para evitar, por certo, o Verão.

Mudando de estratégia, em vez de atacar de imediato Tomar ou Santarém como na invasão anterior, começa por tentar tomar os castelo em volta de Lisboa.

Partindo de Sevilha o califa opta para com as suas tropas por atacar Alcácer do Sal, entregue como se sabe à Ordem de Santiago.

Contra a enorme força inimiga apoiada pela frota que entretanto chegara, reforçando com mais 14 catapultas o ataque, os habitantes renderam-se face a uma inevitável derrota no dia 10 de Junho.

Face a esta derrota todas as outras guarnições da península de Setúbal se renderam e as populações abandonaram as praça, que foram completamente arrasadas, refiro Setúbal, Palmela, Almada e Coina, para que não fosse fácil qualquer tentativa de posterior recuperação.

Apenas Alcácer por certo pela sua posição estratégica, foi poupada a essa destruição.

Após esta fácil vitória Yacub al-Mansur dirige-se para Silves onde chegou a 27 de Junho, menos de um mês depois a 20 de Julho entra vitorioso em Silves.

Posto isto regressa a Sevilha vitorioso em 3 meses de campanha recupera todo o Alentejo com excepção de Évora e o Algarve derrotando Sancho I duma forma exemplar.

Naturalmente que os outros Reis cristão, acharam ser oportuno renovar as tréguas com o califa, não sendo o tempo de o afrontar.

Também Sancho as firmou por cinco anos, continuando a reinar enfraquecido por uma perda territorial sensível.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Fevereiro,15-Casamento da filha mais velha D.Teresa com o rei Afonso IX de Leão.
Aproveitando muito do seu prestígio peninsular pelas vitórias conseguidas sobre os almóadas no ano anterior, Sancho aproveita para negociar este casamento com o vizinho leonês, que nos séculos XII e XIII andaram associados a medidas diplomáticas de apaziguamento e estabilidade.

Neste caso concreto dever-se-ia ter atendido ao facto deste casamento ser proibido aos olhos da igreja, porque Teresa e Afonso IX era primos direitos. A história próxima já apontava um casamento identicamente proibido entre Fernando II e Urraca Afonso, que foram posteriormente dissolvido.

Porquê então cometer o mesmo erro ?

Parece que ao tempo a consideração das vantagem políticas no imediato, superava as eventuais contingências futuras.

Aliás este casamento foi apenas mais um elo numa cadeia bem urdida de casamentos gizados por D.Sancho I, utilizando a suas filhas e filhos numa teia de alianças, não se limitando a alianças com casas hispânicas, mas também para além dos Pirineus.


segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Novas invasões almóadas

  • Maio-Primeira Invasão almóada mal sucedida
Naturalmente que a perda de Silves nos ano anterior, constituiu um duro golpe para os almóadas, não só pelo abalo no prestígio dos seus chefes, mas também pela importância estratégica de Silves no tráfego no estreito de Gibraltar.

Tendo desembarcado em Tarifa em 23 de Abril desse ano, o califa depois de assegurar da lealdade dos seus vassalos, procura reunir as condições necessárias, para desencadear um ataque formal à praça de Silves que havia sido perdida.

A estratégia passava também pelo estabelecimento de tréguas com os outros reinos cristão peninsulares, por forma a poder centrar toda a sua atenção e disponibilidade de forças nos seu objectivo principal.


Assim foram estabelecidas tréguas com Afonso VIII de Castela e com o reino de Leão, com quem foram estabelecidas pelo menos por dois anos.

Naturalmente que a facilidade com que Al-Mansur consegue este seu intento é demonstrativo da força dos seus exércitos, mas também e mais uma vez a fragilidade do conflito religioso, pelo menos no que às convicções bélicas dizia respeito.


A D.Sancho contudo não restavam alternativas, tinha de o defrontar.


Em Maio é desencadeado um ataque em três frentes,

uma força atacava Silves directamente, apoiado pela frota almóada.


A força comandada pelo próprio califa, acampa nas margens do Tejo, algures entre Santarém e Torres Novas, numa estratégia clara de impedir apoio a Silves vindo do norte.

Um terceiro exército entra pelo Alentejo, atacando violentamente os campos em torno de Évora. Finda essa tarefa juntar-se-ia ao exércitos do califa e junto atacariam Torres Novas.

O ataque a Torres Novas foi conseguido mas muito embora tenham poupado a vida às populações estas foram completamente saqueadas.

Conforme o planeamento inicial seguiram então os dois exército ao ataque à praça de Tomar.


Como era hábito na Península Ibérica, os primeiros ataques, são aos arredores devastando e pilhando tudo, para espalhar o desânimo e cortar toda a possibilidade de reabastecimento da praça sitiada.

A realidade é que o intento da conquista não foi obtido, por um lado a inexpugnabilidade das muralhas de Tomar, recentemente edificadas, a resposta dos cavaleiros de Gualdim Pais, que defendiam o seu castelo, a escassez de alimentos e um providencial ataque de desinteria nas forças muçulmanas, acabou por decidir a sorte desta primeira campanha a favor dos portugueses.


Al-Mansur também atacado pela epidemia, manda levantar o cerco ao mesmo tempo que ordena que se faça o mesmo no cerco montado em Silves.


Yacub al-Mansur regressa a Sevilha, sem nenhum dos objectivo do ataque conseguidos, segundo as fontes árabes, não tão doente como poderia supor-se.

Embora derrotado, foi montado um grande cenário para a sua chegada, muito pouco para o balanço da conquista de Torres Novas que era apenas um pequeno passo para o grande objectivo, da tomada de Silves e de Tomar.


Gualdim Pais os seus Templários e a providencial desinteria terão repetido o que já em 1184 havia derrotado pai de Yacub ás portas de Santarém, que no rescaldo viria a morrer.


Outros acontecimentos em Portugal
  • Nascimento de D. Mafalda, 9º filho de D.Sancho I( por volta de 1190).Foi rainha de Castela em 1214, sem consumar o matrimónio com D. Henrique, filho do rei D. Afonso VIII, que faleceu de acidente em 1217. Freira em Arouca, morreu em Rio Tinto (Amarante) a 1 de Maio de 1256; beatificada por breve papal de 27 de Junho de 1793.
Relembrando que a bula Manifestis probatum est significou o reconhecimento pelo papa Alexandre III dando a D.Afonso Henriques o título de rei, declarando que o tomava a ele e aos seus herdeiros sob a protecção da Santa Sé, considerando Portugal como um reino pertencente a São Pedro e prometendo-lhe auxílio papal.

Reafirmando agora a seu filho, de novo, os privilégios concedidos em 1179.

Pouco depois da conquista de Silves, equivalia a reconfirmá-lo no trono, reconhecendo a sua valia como Rei.


Clemente III, reforçou assim a autoridade de D.Sancho juntos dos seus súbditos e o seu prestígio entre os seus pares.



domingo, 9 de dezembro de 2007

A conquista de Silves

  • Maio-Chega a Lisboa uma armada de cruzados da Dinamarca e Frísia que conquistam depois Alvor e Silves.
A caminho da Palestina, os cruzados da Escandinávia que chegaram a Lisboa, foram desafiados a participar, nesta "guerra santa" Peninsular ,a conquista das praças fortes do sul. Alvor parecia ser um alvo de fácil saque, satisfazendo os desejos de pilhagem, sem excessivo desgaste.

Após a conquista de Alvor e de terem chacinado toda a população, que segundo fontes da época, foi duma violência bárbara pouco consentânea com a natureza "cristã" desses cruzados.

Uma nova armada de cruzados chegada a Lisboa, foi igualmente aliciada a tomar parte da segunda iniciativa, desta feita mais difícil, a tomada de Silves.

Silves era uma praça muito importante, forte entreposto comercial e uma das mais conceituadas cidades almoádas, a capital da região oeste do Al-Andalus, conquista-la era abrir portas para a posse do Algarve.

Acertada a negociação da expedição com os cruzados, D.Sancho I, envia de imediato um exército destinado a uma primeira aproximação a Silves, para estudar as características da muralha e estabelecer a melhor estratégia de ataque.

Só os navios da esquadra dos cruzados alemães e flamengos eram 37, sendo os portugueses em numero indeterminado. Largaram de Lisboa a 16 de Julho e aportaram em frente a Portimão, 4 dias depois.

O cerco haveria de se prolongar e quando o rei D.Sancho chegou com grosso do seu exército, já havia sido repelido algumas tentativas de assalto ao castelo.

Reforçadas com a chegada de mais 40 navios portugueses que transportam máquinas de guerra, trouxeram um novo alento aos sitiantes.

Decisivo foi o ataque à couraça, que era a estrutura que protegia o depósito de água, que aconteceu em Agosto, cerca de dois meses depois da chegada a Portimão.

Uma vez conquistado o depósito da água que abastecia a cidade a sorte da conquista ficou definida.

Finalmente a 3 de Setembro o governador de Silves abandona a cidade, seguindo dum cortejo de habitantes debilitados, que deixavam na cidade todos os bens a haveres.

Foi assim que havia sido negociada a rendição e o saque, como era costume na época e que também tal como em Lisboa com seu pai, traria a Sancho alguma dificuldade em conciliar os interesse dos nobres portugueses com o dos cruzados.

Segundo os relatos dos cronistas do tempo, foi grande a confusão, entre a ganância dos cruzados "cristãos", que se apossaram de tudo, não querendo inclusivamente ceder a parte que aos portugueses dizia respeito, nem sequer respeitar a vida dos muçulmanos, em oposição à vontade de D.Sancho I, que ao contrário a pretendia manter, na tradição aliás dos reis peninsulares.

Naturalmente que para além do humanismo, que esta atitude poderia induzir também havia interesse em manter as vidas humanas, porque ao contrário dos cruzados que partiriam para outras terras no dia seguinte, para os que ficavam a vida continuava, tornando-se necessário que as pessoas continuassem.

D.Sancho ter-se-á enfurecido e expulsou os cruzados da cidade, obrigando-os a voltarem para os seus navios, de onde tinham partido, mas que só viriam a abandonar Silves no dia 20 de Setembro.

Enquanto isso, também Sancho, reorganiza a cidade, deixando-a nas mãos das ordens militares, consagrando a mesquita,´ como igreja no dia da Natividade de Santa Maria no dia 8 de Setembro.

Após esta conquista ficavam também sob o domínio português o conjunto de fortalezas subsidiárias de Silves e constituíam a sua linha defensiva : Sagres, Albufeira, Lagos, Alvor, Portimão, Monchique, Alferce, Carvoeiro, São Bartolomeu de Messines e Paderne.

  • Nascimento de D.Henrique 7 º filho de D.Sancho I, e morreu a 8 de Dezembro de ano incerto, ainda jovem.
  • O ataque leonês a Celorico da Beira, comprova que a área da encosta noroeste da Serra da Estrela era ainda no fim do século XII uma área instável do ponto de vista militar.

sábado, 24 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1188


  • Março-Primeiro testamento de D.Sancho I
A elaboração do primeiro testamento reflecte, para além da precariedade óbvia da vida naquele tempo, a sua predisposição para encetar de novo a guerra, não só contra os almóadas, mas também contra alguns dos outros reinos cristãos com quem se mantém contenciosos fronteiriços.

O reino que D.Sancho I lega ao seu sucessor, rege-se pelos mesmo princípios com que o recebeu, conforme aos princípios emanados da bula Manifestis probatum est. A concepção do Reino é o de uma entidade una e superior, que deve ser preservado ou aumentado e não reduzido. Devendo estar, os interesses do Reino, acima dos interesses pessoais do Rei.

O testamento tenta reflectir a destrinça entre fortuna pessoal e património do Reino, que não era fácil na altura.

De um modo geral às filhas, Sancho, "testamentava" propriedades, enquanto aos varões preferia prever doações em dinheiro, em vez de territoriais como que precavendo futuras divergências.

Ao herdeiro do trono para além do Reino, também a soma em dinheiro era bastante maior, que explicitamente indicava guardados nas Torres de Coimbra e Évora. Sem o explicitar é de crer que D.Sancho entendesse essa quantia como património monetário do Reino.

  • Junho-Ataques a Sevilha e Córdova e Serpa em aliança com Afonso VIII de Castela.
A aliança com o rei de Castela produziu alguns frutos, como as expedições militares contra os almóadas. Acções concertadas como as que este ano havia de ser levado a cabo por D.Sancho I ao atacar Serpa enquanto o rei Castelhano atacava Sevilha e Córdova. Contudo a nova aliança Castelo-Leonesa em Corrion, (ver mais abaixo), levaria por certo Sancho a rever a sua estratégia

  • Março,24-Nascimento de D.Fernando 6º filho de D.Sancho I .
Foi conde de Flandres pelo seu casamento com D. Joana, filha do conde Balduíno, que foi mais tarde imperador de Constantinopla.

Na guerra anglo-francesa, Flandres optou pela Inglaterra. Derrotado em Bovinas, foi aprisionado pelas tropas francesas de Filipe Augusto, tendo permanecido em Paris muitos anos preso, muito embora bastante admirado pelos próprios franceses pelo seu comportamento em combate.

Muitas foram as concessões que Joana condessa sua mulher, teve que fazer ao rei francês pela libertação de Fernando, que no entanto só viria a ser libertado mais tarde já em 1227, no tempo do rei Luís IX.



terça-feira, 30 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1187


  • Rompimento de tréguas com os almóadas
  • Janeiro-Doação dos castelos de Alcanede, Alpedriz e Juromenha à ordem de Évora.
No primeiro dia de Outubro de 1886 o o rei doava aos bispos de Évora os reguengos de Soveral,Avelal e Montijo e depois em Janeiro deste ano os castelos acima referidos, com a indicação expressa "se deus mos conceder". O rei ainda nao conquistara esses castelos mas tinha a convicção que o conseguiria, para mais sabendo que com esta doação prévia, obteria o apoio desses cavaleiros a essa intenção.
Em Fevereiro deste ano, acrescentaria a este intento ao bispo de Évora o dízimo das portagens dessa cidade, como recompensa pelos serviços prestados.
  • Fevereiro,28-Nascimento do segundo filho varão- D.Pedro(5ºfilho)-viria a ser conde Urgel e rei das Baleares.
Nasceu em Coimbra o Infante D. Pedro, segundo filho varão de D. Sancho I que viria a ter uma vida aventurosa.

Após a morte do pai, lutou contra o irmão D. Afonso II em protesto de este não entregar os castelos e terras que eram de direito das irmãs, as Infantas D. Sancha e D. Teresa.

Em Marrocos, batalhou sob as ordens do emir e como recompensa dos feitos guerreiros, resgatou os corpos de cinco frades franciscanos “Os Santos Mártires de Marrocos” que receberam sepultura definitiva no Convento de Santa Cruz na cidade de Coimbra.

Casou em Barcelona, terra de nascimento de sua mãe D. Dulce, com a Condessa de Urgel.

Em 1230, o Rei de Aragão ofereceu-lhe o senhorio das ilhas de Maiorca e Minorca, com a possibilidade de ostentar o título de rei.Em 1236, D. Pedro embarcava para o Oriente em ajuda ao Império Latino de Constantinopla.

Regressado, mais uma vez, pôs os seus homens de armas e a sua experiência ao lado do sobrinho D. Afonso, futuro D. Afonso III, na sua contenda com D. Sancho II.

Faleceu em 1258.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1186-(I)

Acontecimentos no ano de 1186

  • Doação ao bispo de Tui da Igreja de Macedo, para “reparar os males provocados pelo rei anterior, quando do cerco da cidade”.
Início do reinado, procurando organizar alguns aspectos "administrativos", bem como, típico dos reinados medievais, assentar as bases de entendimento com a Igreja.
Neste caso também havia a componente de "alivio de consciência", pela devastação da cidade galega nos finais da década de 70.
  • Abril,23-Nascimento de D.Afonso.
O futuro herdeiro da coroa, nasceu no dia de S.Jorge, um bom augúrio por ser um dos santos patronos da guerra. Foi o primeiro filho varão, antecedido pelo nascimento de 3 irmãs, duas delas que viriam a ser beatificada bem mais tarde no século XVIII.
  • Julho-Deslocação a Tomar em visita a Gualdim Pais que havia concluído a construção do Castelo, obra iniciada em 1160.
Em verdade não existe prova documental que tenha sido esse o motivo da visita de D.Sancho ou tentativa diplomática, de iniciar conversações sobre a divergência que existia entre a Ordem dos Templários e o bispo de Coimbra, sobre os direitos a receber pelas igrejas de Pombal, Redinha e Ega.

Resumidamente o litígio consistia no direito que o bispo de Coimbra achava assistir-lhe de receber parte dos rendimentos dessas igrejas, que os Templários que as tinham recebido como doação de D.Afonso Henriques se sentiam isentos desse pagamento.

A concessão de direitos sobre todas as igrejas da Covilhã ao bispo Martinho de Coimbra, que entretanto D.Sancho assinara, pareceu acontecer por compensação às perdas sobre os direitos das referidas igrejas.
  • Setembro,14-O arcebispo de Braga é convocado pela cúria romana para se apresentar em Tui, para apresentar provas a favor da sua causa no diferendo que opunha Braga a Compostela.
O arcebispo Godinho, alegou não poder comparecer porque tinha que "assistir ao rei" que se encontrava na extremidade do reino. O rei atestou a veracidade da argumentação, que foi aceite pelos juízes marcando nova audição para o dia 6 de Outubro, 3 semanas mais tarde
  • Outubro-O rei doa os castelos de Almada, Palmela e Alcácer do Sal aos cavaleiros de Santiago (Espatários)e ao bispo de Évora os regueng0s de Soveral, Avelal e Montijo.




sábado, 20 de outubro de 2007

A aclamação

Com a morte de seu pai D.Afonso Henriques, em 6 de Dezembro de 1185, D.Sancho, com 31 anos, assume o trono de Portugal, sendo aclamado 3 dias depois, porque segundo a Chronicon Conimbricense estaria à data da morte de seu pai fora de Coimbra, só tendo regressado precisamente 3 dias depois.

Pareciam ser bons auspícios ser aclamado no dia de Santa Leocádia, uma santa de muita devoção na época, como mártir hispânica que dera nome à Basílica em Toledo, que era a sua padroeira, desde os tempos dos Reis visigóticos.

A questão herdada mais premente seria a vingança que se esperava não tardar, de Al-Mansur o temível filho do califa morto perto de Santarém.

Bons auspícios também advinham também de já ter acontecido o nascimento dum filho varão, preocupação sempre importante naqueles tempos, precisamente em 12 de Abril de 1185, ainda em vida de seu avô que recorde-se morreria em Dezembro desse mesmo ano.

Questão contudo controversa, já que alguns autores consideram que o futuro rei D.Afonso II, só viria a nascer em 1186, depois de seu pai ter sido coroado.

De qualquer forma, terá D.Sancho passado todo o mês de Dezembro em Coimbra, não havendo nota de despachos efectuados nesse período.

domingo, 30 de setembro de 2007

Grande vitória na defesa de Santarem

O ano de 1184 corresponde ao de uma forte ofensiva almóada com o objectivo de recuperar territorialmente o que haviam perdido, mas também a dignidade resultante de sucessivos desaires impostos em vários anos.

Preparam um poderosa ofensiva que em definitivo resolvesse a "questão portuguesa", o perigo que representava o rei de Portugal e as suas investidas.

O califa Yussuf I chegou a Sevilha em 25 de Maio de 1184 concentrando aí não só as forças que consigo havia trazido de África, como as que lhe foram cedidas pelos seus aliados ibéricos.

A enorme máquina pôs em marcha começando por retomar Cáceres, sem luta, já que as forças do rei leonês Fernando II, temendo o confronto abandonaram essa praça refugiando-se em Ciudad Rodrigo.

No mesmo ano no mês de Junho aproximaram-se Santarém, que consideravam o início do grande plano de reconquista que incluía naturalmente Lisboa, Évora Sintra,Alcácer, Coimbra e claro dominar toda a Lusitânia, antes de marchar até Toledo.

Era realmente um plano de reconquista Hispânica. A avaliar pelas referência conhecidas e compiladas de várias fontes da época.


A defesa de Santarém, coube inteiramente ao infante Sancho, no comando das forças portuguesas, numa luta que começou por ser travada no exterior das muralhas, encontra-se amplamente descrita e relatam a bravura da resistência das forças comandadas pelo infante, em diversas crónicas.

Mesmo os cronistas árabes, referem essas lutas nos arredores de Santarém, mas todas elas são inconclusivas sobre as verdadeiras razões da retirada almóada, que viria a acontecer.

Falava-se nos reforços cristão que estavam para chegar, entre eles as forças do rei leonês,do bispo de Porto e do próprio rei D.Afonso Henriques que partindo de Coimbra já se encontraria em Porto de Mós, além das forças reunidas pelo arcebispo de Compostela, todos esse factores conjugados, terão conduzido à retirada das forças almóadas de Santarém.

O acto da retirada, terá sido um pouco caótico e permitiu o ataque português ao reduto do próprio califa, do qual, além da morte dos seus principais chefes, resultou que Yussuf I seria ferido morte, vindo a falecer na retirada.

Foi realmente uma grande vitória, embora desde logo se soubesse, que outros ataques viriam a acontecer já que o filho do califa não deixaria esta derrota por vingar

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A derrota de Arganal

Batalha de Arganal descrita no blog sobre D.Afonso Henriques (clicar aqui), foi um grave revés para o jovem infante, triunfador em Sevilha no ano anterior, na tentativa frustrada de vingar o desastre de Badajoz.

Ás explicações dadas na publicação acima referida deve acentuar-se que para além dos cálculos do eventual enfraquecimento das forças leonesas devido aos vários reencontros tidos com forças almóadas, também um acordo entre Portugal desse mesmo ano estabelecido entre Sancho e Afonso VIII de Castela e entre este e o vizinho aragonês, permitiram a ambos as previsões mais optimistas no confronto que ambos pretendiam ter com Leão, por razoes diferentes.

Previsões falíveis pois Afonso VIII por duas vezes e Sancho comandando as tropas portuguesas foram derrotados.

A batalha de Arganal, em data não determinada, saldou-se por uma derrota, que terá abalado de algum modo o prestígio do jovem herdeiro, por certo minimizada pela chegada da bula Manifestis probatum est, que conduz Portugal ao reconhecimento papal da sua soberania enquanto reino cristão

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ataque aos arredores de Sevilha (1178)

O prestígio das vitórias militares portuguesas estavam a esfumar-se.

Desde 1175 que a derrota de Badajoz não havia sido retaliada com outro importante feito o que tinha ocasionado que nos anos subsequentes ao acontecimento de Badajoz, alguns acontecimentos "diplomáticos" havia tido lugar na península ibérica, sem a participação portuguesa.


Pode ser esta uma das justificações possíveis para a realização da expedição de Sancho ao arrabalde de Sevilha em finais de 1178.

Dois objectivos eram evidentes, mostrar aos reinos cristão peninsulares que Portugal "ainda existia" do mesmo modo que se reafirmava o mesmo junto do Papado, relembrando que havia ainda um reino por reconhecer, o nosso.

A vitória em Sevilha tinha que ser retumbante e cabia a D.Sancho herdeiro do trono, provar que embora seu pai o grande conquistador, estivesse fisicamente incapaz, as qualidades do reino se mantinham e representadas pelo seu filho.

Toda a historiografia assinala o feito no assalto a Triana, que fora precedido dum ensaio ás portas de Beja, arrasando os campos em redor mas seguindo para sul.

Na margem esquerda do Guadalquivir, as tropas de D.Sancho, roubou e destruiu casas atacou e incendiou galeras atracadas no porto e acabando por retirar com grandes despojos.

O objectivo havia sido inteiramente conseguido

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Silvestre Godinho-Arcebispo de Braga-1175

A morte de D.João Peculiar em Dezembro de 1175, complementaria o quadro das alterações institucionais que decorreram no tempo que se designa pós desastre de Badajoz.

Naturalmente que esta alteração no arcebispado de Braga não decorreu de nenhuma alteração política, antes consequência da ordem natural da vida.

D.João Peculiar foi então substituído pelo arcebispo Silvestre Godinho, que se iria manter nesse lugar até 1188, 2 anos depois da morte de D.Afonso Henriques razão porque coloco este evento no blogue do rei Sancho e não no de seu pai.

Anteriormente Godinho havia sido bispo de Viseu, não havendo muita informação a seu respeito, para além do seu apelido ser Soares e que tendo angariado reputação em Braga, tenho ido depois para Viseu antes de retornar às origens para assumir o arcebispado dessa cidade.

Certo é que após a sua nomeação, ter-se-á reaberto o processo do reconhecimento de Portugal como reino, na sequência da sua deslocação a Roma para confirmar a eleição (feita por D.Afonso Henriques) e receber o pálio *.

Diga-se também, porque Godinho representava um novo tipo de arcebispo, que não continha a carga que D.João Peculiar ao longo de 40 anos tinha gerado de rebeldia para com Roma, ao recusar sistematicamente em obedecer a Toledo.

A longa incapacidade física de D.João Peculiar também o afastava de Roma, portanto esta nomeação de Godinho e o casamento de D.Sancho com uma princesa duma das casas mais bem relacionadas com o Papado, pareciam poder abrir caminho para um processo de reconhecimento do reino de Portugal a mais curto prazo de tempo.

Não seria bem assim como se verá

*Pálio é uma espécie de colarinho de lã branca, são abençoados pelo Papa. Se um arcebispo é transferido para outra arquidiocese, deve pedir outro.É o símbolo de seu poder e da sua comunhão com a Igreja.


domingo, 12 de agosto de 2007

A "rebelião" do príncipe Sancho ?

Ano de 1175 o ano seguinte ao seu casamento com Dulce de Aragão, parece corresponder a uma tentativa de controlo do poder pela parte do infante Sancho. Muito embora a restante documentação não seja esclarecedora a suspeita de que algo possa ter acontecido justifica-se por dois actos ocorrido entre Setembro e Outubro desse ano.

Situações de doação, em que o emissor do documento é o "Rei Sancho" e não seu pai e a chancelaria que rubrica os documentos é o conde Vasco Sanches de Barbosa que já não exercia funções desde a reforma de 1172.

No final dos documentos lê-se "Eu roboro este documento com as minhas próprias mãos.reinando o rei Sancho e sendo senhor da terra Afonso Henriques",como se o filho em revolta remetesse o pai para o papel singular de "senhor da terra como se se tratasse apenas dum qualquer simples senhor feudal.

Num outro documento afirma-se justificando a doação a Rodrigo Mendes pelo apoio prestado quando o rei Fernando de Leão invadiu o meu reino, sem qualquer alusão a seu pai.

A invasão por Fernando de Leão justifica-se por alguma escaramuça resultante da anulação do seu casamento com Urraca Afonso, irmã de D.Sancho, que ocorreu também neste ano de 1175 e a devolução ou reivindicação territorial do dote, sempre motivaram distúrbios.

Não existe certeza sobre a hipótese de rebelião, para além da análise dessa documentação, contudo a separação das famílias nobres em "partidos" poderia ter influenciado o infante Sancho, a tomar essa atitude porém apenas justificada pela pressa em ser Rei, não por certo sobre a intenção de D.Afonso Henriques em preferi-lo como herdeiro, que nesta altura e sobretudo após o seu casamento era já inquestionável.

A normalidade foi de imediato restaurada tanto assim que o doação de Coruche referenciada no blogue sobre D.Afonso Henrique, à recentemente criada ordem de Évora já possuía a chancela real.

Contudo esse mesmo documento no final, continha uma redacção única, dizia-se expressamente que essa doação do rei Afonso tinha o consentimento explícito do príncipe Sancho e não apenas o seu simples assentimento.

Qual o motivo ?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Casamento com Dulce de Aragão

(D.Dulce de Aragão)
Com a entrada da idade adulto, estava na altura de se arranjar um casamento para o príncipe herdeiro.

A questão política da escolha tratei no blog sobre D.Afonso Henriques, por considerar, obviamente muito mais da esfera da decisão do rei do que propriamente da vontade do infante o que naquele tempo contava muito pouso.

A legitimidade da escolha de Dulce de Aragão para rainha, parecia não estar em perigo, pois a proximidade parental, remontava ao início do século anterior, a parentesco do quinto grau entre os pais dos nubentes, que poderia ser suficiente para afastar o espectro da separação forçada após o casamento, que a ninguém interessava.

A garantia não era absoluta pois em ainda em 1215 a norma era respeitar a interdição do casamento até ao sétimo grau de parentesco.

D.Dulce teria casado com D.Sancho com 14 anos e ele 20 anos, não se conhecendo grandes relatos sobre a noiva, nem sobre o seu dote, pois a normalidade do seu casamento e dos anos que se seguiram sem litígio, não permite a reconstituição desses detalhes.

Esperava-se isso sim que a filha de Petronilha de Aragão e Raimundo Berenguer IV fosse fértil e nesse aspecto Dulce não desapontaria a corte portuguesa, pois ao longo de 20 anos de casamento, daria à luz no mínimo 11 filhos, suficientes para assegurar a continuidade dinástica.

domingo, 22 de julho de 2007

O alinhamento dos mordomos

Se a designação do cargo de alferes mor do reino, correspondia ao do chefe de Estado maior, comandante geral dos exércitos do nosso tempo, o cargo de mordomo-mor existia no equivalente ao do chefe da casa civil de hoje.

Muito embora não se possa neste caso da mordomado, apontar a mesmo causa para a remodelação que aconteceu no Reino, após o desastre de Badajoz, o certo é que também a remodelação aconteceu, embora em data anterior ao assalto a Badajoz.

Foi nomeado Vasco Sanchez de Barbosa como mordomo do rei Afonso sendo ao mesmo tempo nomeado em paridade o mordomo do infante Sancho, por acaso cunhado de Vasco, de nome Pedro Fernandes de Bragança, curiosamente ambos oriundos de famílias com ascendência galega, reforçando a tendência que se irá observar até à morte de D.Afonso de maior aproximação à Galiza.

A partir pois de 1169 irá assistir-se a uma mudança no predomínio das famílias aristocráticas junto do poder real que deixa antever, que a convivência entre elas não seria com certeza fácil, mesmo atendendo ás aproximações que diversos casamentos haviam minimizado.

Para ilustrar a dificuldade de convivência, entre os dois mordomos, recorde-se um episódio compilado dos livros de linhagens, no qual o pai de Pedro, um tal Fernão Mendes, conhecido como o Braganção, levara a cabo uma das vinganças mais insólitas nesses livros relatadas.

Um dia despeitado porque o pai do Vasco e um tal Gonçalo Mendes de Sousa, tinham troçado dele por lhe ter escorrido um fio de natas pelo queixo abaixo, jurou vingar-se promovendo um castigo exemplar aos risonhos pares do reino.

Exigiu a D.Afonso Henriques que lhe concedesse a mão da irmã Teresa Henriques, que estava casada com o pai do Vasco, Sancho Nunes de Barbosa, enquanto a Gonçalo Mendes de Sousa se "limitou" a arrasar-lhes os domínios.

Sabe-se que D.Afonso Henriques autorizou a transferência de mulher entre ambos.

Pode então adivinhar-se a tensão existente entre os dois mordomos, mas mais do que isso importa reflectir na importância do papel das famílias e do seu poderio, junto do rei.

Permanece porém insondável a nossos olhos, o papel de D.Afonso na gestão destas influências mas sobretudo ameniza em muito a visão "absolutista", que poderíamos ter do nosso primeiro rei.